Em fato inédito na Guatemala, o Congresso aprovou, na noite desta terça-feira (01/09), a retirada da imunidade do presidente Otto Pérez Molina, acusado de corrupção. Além disso, ele está impedido, por ordem judicial, de deixar o país.
De acordo com o advogado do mandatário, César Calderón, Molina se colocará à disposição da Justiça para evitar o “espetáculo” de uma possível prisão.
Agência Efe
Guatemaltecos comemoram decisão do Congresso de retirar imunidade de Molina
Calderón afirmou, em declarações a uma emissora guatemalteca, que mesmo Molina se colocando à disposição da Justiça, o político pode ser preso porque, segundo ele, “querem fazer um espetáculo com esse caso”.
A decisão do Congresso foi tomada por unanimidade e significa que, a partir de agora, autoridades do país poderão emitir uma ordem de prisão contra o presidente para julgá-lo em tribunais ordinários pelo crime de corrupção, pelo qual está sendo investigado.
No último domingo (30/09), o presidente entrou com um recurso de amparo na CC (Corte de Constitucionalidade) para reverter a perda de imunidade, mas o CC ainda não emitiu uma decisão.
Molina é acusado pelo Ministério Público e pela Cicig (Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala), de ser um dos comandantes da rede de fraude aduaneira conhecida como “a linha”, desmantelada em abril deste ano. Na semana passada, a ex-vice-presidente Roxana Baldetti foi detida por estar envolvida neste esquema de corrupção.
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Molina decidiu não renunciar, mesmo em meio às denúncias do MP
Além disso, para a procuradora-geral da República e chefe do Ministério Público, Thelma Aldana, existem indícios da participação de Molina no esquema “a linha” e, por essa razão, foi concedida a ordem que o impede de deixar o país. Ela não descartou o pedido de prisão do mandatário.
Caso Molina seja detido, o vice-presidente, Alejandro Maldonado, assumirá o cargo como mandatário interino até que se tenha uma sentença final sobre o caso.
Outro lado
Para o porta-voz oficial da presidência, Jorge Ortega, a decisão dos deputados foi tomada com fins eleitorais: “a cinco dias das eleições gerais que serão realizadas no próximo domingo (06/09), os parlamentares não iam perder a oportunidade de conquistar votos”, afirmou o representante presidencial.
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Ortega também garantiu que Molina mantém a posição de não renunciar e que enfrentará o devido processo judicial.
Além disso, o porta-voz afirmou que o presidente não se pronunciará por enquanto, já que “deixou claro” na última segunda-feira que sua decisão será “enfrentar o processo”.
Eleições
Está prevista a realização de eleições gerais no país no próximo domingo (06/09), nas quais serão eleitos: presidente, vice-presidente, 158 deputados do Congresso, 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano e prefeitos e vereadores dos 338 municípios.
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Manuel Baldizón do partido opositor Líder (Liberdade Democrática Renovada) é favorito, segundo pesquisas
De acordo com especialistas consultados pela agência Efe, diante do cenário político do país, espera-se uma grande abstenção por parte dos eleitores já que a campanha eleitoral não empolgou os guatemaltecos que vivenciaram diversas manifestações pedindo a renúncia de Molina nas últimas semanas.