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Política e Economia

Em Portugal, gestores de falências ganham até 100 mil euros com boom de leilões pós-crise

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'Administradores de insolvência' têm comissões por penhora de bens; falências, que subiram 200% desde 2008, rendem negócios abaixo de preço de mercado

Marana Borges

2015-09-04T09:00:00.000Z

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Nuno da Silva [nome fictício] está desempregado há quase dois anos. Tempo suficiente para que as dívidas saíssem do controle: ao banco, deve a hipoteca do apartamento de dois quartos onde vive com a família e o empréstimo que usou para as reformas da casa; ao Estado, deve o imposto municipal sobre o imóvel. Incapaz de pagar as contas, ele entrará tecnicamente em falência. “Não temos para onde ir”, desabafa. Acossado pelos telefonemas diários dos credores, já vislumbra o possível desfecho da história: a penhora.

Desde 2008, ano em que disparou a crise econômica em Portugal, aumentou em 200% o número de pessoas e empresas falidas. Como diz o ditado, a desgraça de uns faz a felicidade de outros: a deterioração financeira de parte da população também marca o auge do lucrativo fenômeno dos leilões. Quando pela porta da casa de Nuno entrarem os encarregados de executar a decisão judicial da penhora, o caminho dos móveis, louça, televisão, geladeira, fogão, tapetes e da própria casa será um leilão.

Marana Borges/ Opera Mundi

Uma das 50 casas que vão a leilão em Portugal

A rede das hastas é extensa e envolve imobiliárias, avaliadores, bancos, advogados e administradores. Para muitos, é uma oportunidade de fazer bons negócios. Nessa teia, os juízes têm gradativamente menos voz, muitas vezes limitando-se a cumprir decisões tomadas no Ministério das Finanças.

Uma vez declarada a falência na sentença judicial, entram em cena os chamados “administradores de insolvência”, responsáveis por auxiliar processos junto ao Tribunal do Comércio, corte em que tramitam as falências. Apesar de a maioria das falências não implicar bens, as falências de pessoas com casas e de grandes empresas — especialmente construtoras — costuma render boas fatias aos administradores. Eles podem chegar a ganhar de 50 mil a 100 mil euros por um processo de alta complexidade. Tudo dentro da legalidade.
 


No pregão, quem trata da venda costuma ficar com 10% do preço final dos bens móveis e 5% dos imóveis. As falências também são vantajosas para quem compra, pois os bens vão a leilão por cerca de 25% do valor de mercado. Para participar dessas licitações é necessário pagar fiança de vários milhares de euros.

Endividados

Parte significativa das pessoas com bens penhorados está sobre-endividada, isto é, possui três ou mais contratos de crédito. Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Apoio ao Endividado da DECO, a principal associação portuguesa de proteção ao consumidor, responsabiliza o sistema bancário e o governo. “Além do apoio do Estado para o crédito a famílias jovens, houve grande aliciamento dos consumidores por parte dos bancos”, afirma.

Pela primeira vez desde 2000, a principal causa do endividamento excessivo não é o desemprego, mas os cortes nos salários e aposentadorias. Muitas pessoas não conseguem sequer pagar contas de luz, água, condomínio e até mesmo dívidas a farmácias. No limite, qualquer dessas dívidas pode resultar em penhora.

Wikicommons

Protesto em Portugal contra austeridade aplicada pelo governo

Para abreviar o sofrimento, é comum os próprios devedores de hipotecas optarem por entregar a casa diretamente ao banco. Mas esta solução esconde armadilhas. É preciso submeter extensa (e cara) documentação ao banco, que fixará o valor (pouco generoso) do imóvel. Fechado o acordo e devolvida a casa, o pesadelo continua. É o que conta Marcela Jardim [nome fictício], de 40 anos. Ela entrou em falência após o divórcio e a perda do emprego. Devolveu o apartamento ao banco pela metade do que o comprou, e ainda lhe resta pagar 30 mil euros. A ajuda de familiares e amigos não basta. “É desesperador”, diz.

Mas dever ao Estado é tão perigoso quanto a bancos. As dívidas fiscais e à Segurança Social nunca prescrevem. Sobretudo desde 2012, os mecanismos do Ministério das Finanças para penhorar bens vêm sendo informatizados e acelerados. Perante os computadores, dever 1.000 euros ou 1 milhão não faz diferença. Por isso a recente notícia de que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho esteve desde 1999 sem saldar uma dívida que tinha com as Finanças — e jamais foi punido — indignou os ânimos da população.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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