Agência Efe
Policial húngaro observa refugiados em Budapeste, sob protesto por não serem impedidos de embarcar em trem
Atualizada às 20h38
À medida que o fluxo de pessoas refugiadas que tentam chegar à Europa aumenta a cada dia, a Hungria, país que é uma das portas de entrada do continente, subiu o tom e endureceu o tratamento contra pessoas estrangeiras nesta sexta-feira (04/09).
“Os húngaros têm o direito de escolher não viver junto com populosas comunidades muçulmanas”, afirmou o primeiro-ministro Viktor Orban. Para ele, o intenso fluxo de pessoas de países como Síria, Afeganistão e Iraque — a maioria refugiados islâmicos — significa que os europeus correm o risco de “virar uma minoria dentro de seu próprio continente”.
“Hoje estamos discutindo dezenas de milhares, mas no ano que vem estaremos falando de milhões e isto nunca terá fim”, disse Orban, pouco antes de receber o presidente da Eslovênia, Borut Pahor, em uma reunião em Budapeste. O premiê, líder do partido nacionalista e conservador Fidesz, afirmou também que o tratamento dado pelas autoridades húngaras aos refugiados — como alocá-los em “campos de recepção” e impedir o acesso a trens para o interior da Europa — são apenas cumprimentos das normas de convivência do bloco da UE.
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Após várias centenas de pessoas terem fugido de um “campo de recepção” na cidade húngara de Röszke, o governo do país decidiu fechar o principal ponto da fronteira com a Sérvia — país que, como candidato a membro da UE (União Europeia), já sinalizou hoje que está disposto a receber refugiados: “Este é um bom momento para mostrar que estamos prontos para tarefa”, disse o ministro do Interior, Nebojsa Stefanovic.
Além disso, na capital Budapeste, o Legislativo húngaro aprovou hoje um pacote de leis que aumenta a rigidez no tratamento a estrangeiros, com o objetivo de “aliviar a pressão migratória”. As medidas preveem penas de até três anos de prisão para quem cruzar ilegalmente o território húngaro. A punição pode subir para cinco anos de detenção caso a travessia seja feita sob posse de arma de fogo ou danificando a cerca 'anti-imigrantes' da fronteira com a Sérvia.
O poder público húngaro também vai criar “zonas de trânsito” em seu território, que serão destinadas a alocar estrangeiros solicitantes de refúgio ou asilo político. As pessoas que não obtiverem permissão legal para seguir viagem na Europa poderão, segundo as leis aprovadas, ser deportadas de volta ao país de origem.
Desde o ínicio do ano, a Hungria registrou a entrada, pela fronteira com a Sérvia, de cerca de 160 mil refugiados. Em junho, o governo anunciou a construção de um muro de quatro metros de altura e 175 quilômetros de extensão na fronteira sérvia para conter o fluxo de pessoas.
Na noite desta sexta, a imprensa alemã anunciou que tanto Áustria, quanto Alemanha, deixaram que refugiados provenientes da Hungria entrassem nos dois países.