Atualizada às 17h12
A partir da próxima terça-feira (15/09), a polícia da Hungria vai passar a registrar e analisar os pedidos de refúgio diretamente na fronteira com a Sérvia, anunciou nesta sexta-feira (11/09) o primeiro-ministro do país, Viktor Orbán. Os que a atravessarem sem autorização, disse o premiê, serão presos.
“Considerando que estamos lidando com uma rebelião de migrantes ilegais, a polícia tem feito muito bem o seu trabalho, sem usar a força”, disse Orbán em coletiva de imprensa. Para ele, os refugiados estão se “rebelando” contra a ordem legal do país. “Tomaram estações de trem, recusaram-se a dar suas digitais, não cooperaram e não estão dispostos a irem para lugares onde receberiam comida, água, acomodação e cuidados médicos”, afirmou.
O governo ainda estuda a possibilidade de mandar o Exército como parte da nova medida. O ministro da Defesa, Istvan Simiscsko, anunciou que 3.800 soldados já estão a postos e próximos à fronteira.
Agência Efe
Refugiado cruza fronteira entre Hungria e Sérvia, protegida por cerca de arame farpado
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Os refugiados que cooperarem serão transportados para algum dos campos no país. No entanto, segundo o diretor de Emergências da organização Human Rights Watch, Peter Bouckaert, as condições destes locais são péssimas. “Os detentos são mantidos em condições de sujeira, superlotação, fome e sem cuidados médicos”, afirmou, após visitar o campo da cidade de Roszke.
Como membro da União Europeia, a Hungria deve registrar todas as novas chegadas e prestar auxílio humanitário aos refugiados, algo que o governo insiste em dizer que está fazendo. No entanto, a construção de um muro que fecha sua fronteira com a Sérvia e um vídeo publicado recentemente – que mostrou a polícia usando máscaras cirúrgicas e capacetes enquanto atirava sanduíches por cima da cerca do acampamento para os refugiados – evidencia contradições no discurso húngaro.
Mais de 170 mil refugiados entraram na Europa pela fronteira húngara com a Sérvia neste ano. A maioria tinha a intenção de chegar à Áustria e à Alemanha. Para tentar frear o fluxo de pessoas, a Hungria também encenou um exercício de proteção à fronteira com o Exército e impediu o acesso à estação de trem de Budapeste durante dias.
A Hungria também é um dos países que rejeitou a medida do Parlamento Europeu de distribuir 160.000 refugiados por toda a União Europeia. República Tcheca, Polônia e Eslováquia também não aceitaram.
Europa
A situação dos refugiados está se agravando em outros países: na fronteira da Macedônia com a Grécia, policiais ameaçaram e agrediram com cacetetes os refugiados quando tentavam conter um fluxo de quase 4.000 pessoas, nesta sexta (11/09).
A Áustria, que inicialmente havia organizado uma operação de transporte de refugiados para a Alemanha, fechou suas estações de trem, alegando estar sobrecarregada com a quantidade de pessoas chegando ao país.
Por outro lado, em países como a Dinamarca, a polícia se opôs ao governo, permitindo aos refugiados – que estavam a caminho da Suécia – continuarem suas viagens. Os EUA anunciaram, também, que irão aceitar a entreda de pelo menos 10.000 refugiados sírios e a Grécia emitiu autorizações de viagem para os refugiados na ilha de Mytilene, diminuindo consideravelmente a quantidade de pessoas na ilha.