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Política e Economia

Países do Brics partilham sistema de mídia que defende interesses da elite, diz pesquisadora

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Raquel Paiva, coordenadora de estudo que mapeia a mídia no bloco emergente e professora da UFRJ, aponta similaridades do jornalismo nos cinco países

Dodô Calixto

2015-10-02T09:00:00.000Z

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Raquel Paiva é a pesquisadora responsável por coordenar o núcleo brasileiro de pesquisa que faz um mapeamento da mídia nos Brics. Em entrevista a Opera Mundi, a professora de comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) apresentou os primeiros resultados do estudo comparativo do Brasil com Rússia, Índia, China e África do Sul.

Leia também: Mídia deve ser discutida da mesma forma que política e economia, dizem especialistas dos Brics

Reprodução/UFRJ

Raquel Paiva é professora titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)


A perspectiva inicial é que os problemas de concentração e os interesse econômicos e políticos a frente dos veículos de comunicação é uma questão em comum entre os países do bloco emergente.Na esteira do crescimento dos Brics, Raquel acredita no esforço conjunto de grupos de pesquisa, profissionais e sociedade civil para que o bloco emergente possa também representar um novo modelo comunicacional contra-hegemônico.

Opera Mundi: Por que é importante discutir mídia e comunicação social na perspectiva dos Brics? O que há em comum entre os países que compõe o bloco em termos de comunicação?
Raquel Paiva: Acredito que da mesma maneira que se discutem outras variáveis com relação a este bloco que se iniciou e se consolidou a partir principalmente do viés econômico, outras forças também passam a ser elencadas como passíveis de discussão. Até mesmo questões que estejam de fato relacionadas à vida de suas populações e à solução de problemas seculares. A comunicação social em todas as abordagens é fundamental neste contexto.

De comum entre os países que compõe este bloco acho que há principalmente o sofrimento da maior parte da população, a existência de castas e elites transnacionais, um sistema de mídia que defende os interesses dessa elite politica e econômica, concentração de veículos, uma legislação restritiva de produção e um avanço tecnológico que pode interferir de maneira decisiva nessa concentração dos centros produtores de informação e entretenimento.

OM: Enquanto bloco emergente, você acredita que os países que integram os Brics podem apresentar contribuições para pensar a comunicação para além de uma lógica hegemônica? Ou seja, é possível pensar em novas formas de produção que nascem na esteira de uma nova organização mundial?
RP: Bom acho que sim, é possível idealizar e mesmo gestar novas formas de comunicação. Mas até agora constatamos a presença do mesmo modelo e com uma censura forte que se não é politica, mas é econômica. Não sei exatamente se estas novas possibilidades discursivas surgiriam a partir de um novo bloco governamental, mas acredito firmemente que grupos de pesquisa, de professores, de jornalistas desse bloco capazes de dialogar podem sim gestar novas possibilidades informacionais e comunicacionais.


OM: Você poderia explicar em termos gerais a pesquisa que você coordena no Brasil? Como ela se integra com o que os colegas de outras universidades dos Brics estão desenvolvendo. O que é particular ao Brasil pensando no bloco?
RP: A pesquisa, financiada pela Academia de Ciências da Finlândia, tem um grande jornalista e pesquisador importante na área como condutor: Kaarle Nordestreng. Desde 2012, temos trabalhado em conjunto no sentido de estabelecer focos de pesquisa, metodologias capazes de fazer dialogar estruturas comunicacionais aparentemente tão distantes uma das outras. O primeiro trabalho foi de análise da profissão do jornalista nos países deste bloco. A pesquisa obedeceu a uma metodologia bastante rígida de entrevistas com profissionais de quatro cidades com perfil previamente determinado. Foram 144 entrevistas em cada país e os dados encontrados foram bem semelhantes aos das demais pesquisas realizadas recentemente no país. Ou seja, uma profissão exercida cada vez pelos mais jovens, não filiados a sindicatos, salários baixos, com diploma de jornalismo e ainda acreditando na função social do jornalismo e alguns dados mais específicos da pesquisa como filiação, opinião sobre censura, protestos, uso de novas ferramentas como as redes sociais,produção de matéria paga, etc.

OM: Quais são os próximos passos para a pesquisa?
RP: A segunda pesquisa está sendo realizada sobre sistemas de mídia em cada um dos países, também teremos ainda uma incursão sobre a produção ficcional. Esta primeira etapa do projeto estará concluída no próximo ano. Estamos agora também em fase de elaboração das novas metas do projeto para os próximos quatro anos. Eu acredito que tem sido fundamental para todos nós envolvidos no  projeto, professores e pesquisadores nos países que integram o bloco. O trabalho coletivo e as trocas de conhecimento têm sido fenomenal. Acredito que devemos pensar em sermos daqui para frente mais propositivos, trabalhando com cenários e propondo novos formatos de comunicação. Eu tenho falado com muita frequência com os colegas da possibilidade de criação de uma agência de noticias (dos Brics). Pode parecer um sonho, mas acho cada vez mais viável.

Cada país tem uma linha de pesquisa que adota, principalmente marcada pelos estudos anglo-americanos. A pesquisa na área da comunicação no Brasil recebeu também uma forte influência francesa e isso consolidou seu aspecto crítico e criativo.  Eu continuo achando que a pesquisa brasileira, pelo menos na área da comunicação que eu conheço de perto, é de ponta. Conseguimos gerar uma produção empírica, de análise dos fenômenos, mas ao mesmo tempo com critica, analítica e interpretativa. E temos conseguido inserir essa perspectiva nas discussões com o grupo.

(*) Raquel Paiva, professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ, pesquisadora 1A do CNPq, coordenadora do Laboratorio de Comunicação Comunitária - LECC

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Política e Economia

Os 10 homens mais ricos do mundo têm mesma riqueza que 3,1 bilhões de pessoas, expõe relatório

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Pesquisa da Oxfam afirma que novos 573 bilionários foram formados desde o início da pandemia

Redação

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-05-23T19:24:00.000Z

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A pandemia da covid-19 beneficiou empresas e empresários do setor alimentício, grandes petrolíferas, gigantes farmacêuticas e o setor de tecnologia, afirma pesquisa da Oxfam publicada neste domingo (22/05), mesmo dia da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).

O relatório "Lucrando com a Dor" traz dados sobre o processo de concentração de riqueza impulsionado pela pandemia global. A pesquisa afirma que 573 novos bilionários foram formados desde o início da calamidade de saúde pública e agora o mundo têm 2.668 bilionários. Esse seleto clube de ultrarricos controla hoje uma fortuna estimada em US$ 12,7 trilhões, um aumento de 42% desde o início da pandemia de covid-19.

Além disso, a pandemia acentuou a desigualdade de gênero e racial, aponta a pesquisa. As mulheres foram mais atingidas pela onda de desemprego gerada pela covid-19 e as populações negras enfrentam "impactos duradouros desproporcionais da pandemia", diz o levantamento.

Reprodução/Montagem Opera Mundi
Homens mais ricos do mundo: esq. à dir.: Elon Musk, Jeff Bezos e Bill Gates; do Brasil: Lemann, Saverin e Hermann Telles

"No mundo inteiro, alimentos registraram um aumento vertiginoso de 33,6% no ano passado e devem aumentar 23% em 2022. Em março de 2022, tal alta foi a maior desde o início dos registros pelas Nações Unidas (ONU), iniciada em 1990. A Oxfam estima que 263 milhões de pessoas podem ser levadas a níveis extremos de pobreza este ano por causa da covid-19, do aumento da desigualdade global e do impacto da subida dos preços dos alimentos, sobrecarregados ainda mais pela guerra na Ucrânia", diz a pesquisa.

O levantamento cita como empresas beneficiadas pela atual situação global a gigante mundial do setor de alimentos Cargill, a rede de supermercados WalMart, as petroleiras BP, Shell, TotalEnergies, Exxon e Chevron, as farmacêuticas Pfizer, Moderna e as empresas de tecnologia  Apple, Microsoft, Tesla, Amazon e Alphabet.

Para enfrentar a atual situação, a Oxfam defende impostos progressivos para financiar medidas como proteção social e saúde pública.

"O governo francês, por exemplo, tributou a riqueza excessiva durante a guerra a uma taxa de 100% após a Segunda Guerra Mundial. Hoje, precisamos de um nível semelhante de ambição. A Oxfam insta por um imposto temporário de 90% sobre os lucros excedentes, para capturar os lucros extraordinários das empresas em todos os setores", diz o relatório.

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