O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em uma carta ao seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que o acerto de troca de combustível nuclear com o Irã criaria “confiança” no mundo, segundo reportagem da agência Reuters, que teve acesso ao documento.
A carta foi enviada há 16 dias, antes do acordo nuclear. Nela, Obama retoma os termos do acordo que o Grupo de Viena havia proposto no ano passado, cujos principais elementos constam no acerto entre Brasil, Turquia e Irã.
“Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano” de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês), diz Obama, segundo trechos obtidos da carta.
Após 18 horas de conversa, na segunda-feira (17/5), o Irã assinou um documento determinando que enviará 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia, onde o material será processado para atingir 20% de enriquecimento necessário à utilização em pesquisas e procedimentos médicos, mas sem potencial para uso militar.
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Após o anúncio do acordo, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia) concordaram com um esboço de resolução contendo uma nova rodada de sanções econômicas à República Islâmica.
Segundo o acordo, o Irã se compromete a notificar à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data do documento.
“O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear”, afirmou Obama na carta.
Segundo o documento, “a República Islâmica do Irã expressa estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês”.
Obama manifestava, ainda na carta, preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, no prazo de um ano, estoque necessário para construir “duas ou três armas nucleares”.
“Para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento. No meio tempo, insistiremos na aprovação de sanções.”
O acordo nuclear deixa claro, ainda, que o acordo para a “troca de combustível nuclear é um ponto de partida para o começo da cooperação e um passo positivo e construtivo entre as nações”.
O Ocidente suspeita que o programa nuclear iraniano tem o objetivo de construir armas nucleares, mas Teerã afirma que seu fim é a geração de eletricidade para fins pacíficos.
Segundo autoridades dos EUA, o Irã teria manipulado Brasil e Turquia com o objetivo de ganhar tempo e adiar a imposição de novas sanções.
Na terça-feira (18/5), o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, havia afirmado que o acordo entre Turquia, Brasil e Irã foi encorajado pelo presidente dos EUA.
*Com agências
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