“Nenhum trabalhador e aposentado que ganhe menos de 30 mil pesos [R$ 12 mil] por mês terá que pagar imposto de renda”. A promessa, feita por Daniel Scioli durante o encerramento de sua campanha à presidência na noite desta quinta-feira (22/10), é uma das principais apostas do candidato para convencer os argentinos ainda indecisos e garantir a vitória para o candidato apoiado pela presidente Cristina Kirchner ainda no primeiro turno. Este foi considerado o anúncio mais concreto de sua candidatura.
Diante da militância, sobretudo jovem, que lotou as arquibancadas do Luna Park – estádio localizado no centro da capital Buenos Aires -, Scioli reforçou as promessas de sua campanha focando-se principalmente em temáticas econômicas. Em consonância com Cristina – que não compareceu ao ato – o candidato reforçou a necessidade de se fortalecer “o mercado interno do país, o consumo popular” e o investimento na geração de novos empregos.
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O candidato Daniel Scioli durante o último ato de sua campanha pela presidência da Argentina
“A Argentina tem que se tornar um verdadeiro paraíso produtivo. Nunca mais seremos um paraíso especulativo e financeiro”, ressaltou Scioli, que convocou os setores “peronistas, socialistas, progressistas” a se somarem a seu projeto: “falem em favor da unidade”.
Antecedendo Scioli e com um discurso mais contundente e baseado em críticas à oposição e aos meios de comunicação, o companheiro de fórmula da Frente para a Vitória, Carlos Zannini, não poupou críticas ao que considera ser um ambiente de fraude que está sendo criado por candidatos opositores e ao pessimismo com que a situação econômica do país é retratada.
O candidato à vice-presidência também se referiu à polêmica levantada nos últimos dias no país sobre uma possível flexibilização de Scioli com relação ao pagamento dos chamados fundos abutres: “é a oposição que defende que se pague esses fundos, que defende o que diz [o juiz norte-americano Thomas] Griesa”. Um dos pontos altos do ato foi justamente quando Zannini defendeu o papel da presidente Cristina no combate a esses fundos especulativos.
Macri propõe Cordobaço
O chefe de governo da cidade de Buenos Aires e candidato pelo Cambiemos, Mauricio Macri, realizou o encerramento de sua campanha no estádio Orfeu, na cidade de Córdoba. Segundo ele, a cidade foi escolhida porque foi lá que “começamos a crer que uma mudança é possível”. Assim, propôs um “cordobaço de crescimento e desenvolvimento da Argentina”, em referência ao movimento popular iniciado na cidade em 1969.
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O candidato Mauricio Macri durante o último ato de sua campanha, em Córdoba, nesta quinta-feira
Como uma das principais promessas feita pelo candidato está a criação de dois milhões de postos de trabalho por meio do fortalecimento das economias regionais para chegar à “pobreza zero” no país.
Apontado pelas últimas pesquisas como o candidato com mais chances de conseguir levar a disputa para um segundo turno, já que aparece nos últimos levantamentos realizados no início da semana como segundo colocado, Macri se comprometeu a “unir os argentinos” e chamou os eleitores a “construir uma Argentina onde seja possível viver melhor”.
Massa promete acabar com kirchnerismo
Ex-integrante do gabinete nacional entre 2008 e 2009 – durante o primeiro mandato de Cristina Kirchner – e rompido com o governo desde 2013, Sergio Massa não poupou críticas à atual gestão e em seu último ato de campanha, realizado na província de Tigre, prometeu “acabar com o kirchnerismo na Argentina”.
Reforçando a polarização entre ele e Macri em torno do voto útil, Massa, que concorre pela coligação UNA (Unidos por uma Nova Argentina) voltou a se definir como a melhor opção para uma mudança nos rumos do país por ter, segundo ele, mais chances de derrotar Scioli em um possível segundo turno.
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O candidato Sergio Massa durante o último ato de sua campanha em Tigre
No âmbito econômico, voltou a defender o fim do imposto de renda, que classificou como “um roubo” e prometeu aos jovens a criação de um milhão de empregos com base em um programa de aprendiz e de primeiro emprego.
A crítica mais dura, no entanto, foi dirigida à juventude kirchnerista representada pelo movimento político La Cámpora: “aos funcionários públicos pedimos que (…) respeitem seu lugar no Estado. Vamos varrer todos os funcionários fantasmas do La Cámpora”. O candidato defende o endurecimento do código penal com prisão perpétua para narcotraficantes, estupradores e feminicidas e um capítulo especial contra a corrupção.