A maior homenagem que Edward Kennedy Ellington – Duke Ellington – costumava prestar a um colega músico era se referir a ele como alguém “acima de qualquer categoria.” Essa poderia facilmente ser a definição do próprio Ellington, cuja carreira se estendeu por cinco décadas e colecionou admiradores dentro e fora dos Estados Unidos.
O músico, que ficou conhecido pelo apelido de Duke, deixou uma marca indelével na música do século 20 como instrumentista, compositor e regente. Cinquenta anos depois de se tornar um nome nacionalmente reconhecido e sem ter conhecido qualquer decadência profissional, Duke Ellington morreu em 24 de maio de 1974, aos 75 anos.
Trecho do documentário “Na Estrada com Duke Ellington”:
Uma das chaves para entender a personalidade de Duke Ellington é saber como e quando recebeu esse apelido, que em português significa “duque”. Diferentemente de Elvis Presley e Aretha Franklin, que eram chamados de Rei e de Rainha de seus respectivos gêneros musicais, Ellington tornou-se “Duque” em virtude de sua amabilidade e porte elegante, percebidos quando ainda era um jovem estudante em Washington. Como o crítico Studs Terkel escreveu, “seu modo simples e sem-cerimônia, o sorriso fácil e o0 trajar esmerado davam-lhe o aspecto de um jovem membro da nobreza.” As mesmas qualidades perduraram ao longo de sua vida adulta.
Ainda que Duke tivesse se limitado à composição, ele foi reconhecido como um dos melhores do século 20 simplesmente por força das belas canções “Mood Indigo” (1930), “It Don't Mean a Thing (If It Ain't Got That Swing)” (1932), “Sophisticated Lady” (1933) and “Do Nothing Till You Hear from Me” (1940).
No entanto, Duke ia além das qualidade de compositor. A Orquestra Duke Ellington funcionou como incubadora de alguns dos maiores instrumentistas da era do jazz e tornou-se famosa por uma sonoridade que nenhuma outra orquestra conseguiu sequer imitar. O regente e compositor Andre Previn certa vez disse ao comparar Duke com outro “band leader” de talento muito mais modesto: “Stan Kenton pode estar à frente de mil violinos e mil metais e realizar uma gesticulação dramática e qualquer arranjador irá balançar a cabeça e gostar. Mas Duke, ao simplesmente erguer um dedo, três trompas produzem um som que não se sabe donde vem nem o que é.”
O estilo de música que lhe trouxe enorme prestígio atravessou os modismos de época que ao longo de décadas chegaram a cair no gosto do público, mas Duke jamais se mostrou satisfeito em trabalhar com os estilos que aqui e ali surgiam. Ao longo de sua carreira, porém, ele nunca deixou de enveredar por novos territórios musicais tanto em suas mais longas composições orquestrais jazzísticas quanto nas músicas sacras: “Todas as manhãs quando você acorda, é um novo dia, não é verdade?” comentou certa vez.
“Existe alguma razão para que o ser humano não se deixe influenciar por esse novo dia?”, disse. O historiador do jazz Ralph Gleason o classificou como “o maior compositor que a sociedade norte-americana jamais produziu”. O próprio Duke Ellington provavelmente estaria mais satisfeito em ser considerado simplesmente como “acima de qualquer categoria”.
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