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Política e Economia

Com resultado das eleições, moradores de favela de Buenos Aires temem atraso em urbanização

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Assentamento Rodrigo Bueno, no bairro de luxo portenho de Puerto Madero, existe há 30 anos, mas o acesso à água e rede de esgoto ainda é precário

Aline Gatto Boueri

2015-11-24T10:15:00.000Z

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Após as eleições que marcaram o fim dos 12 anos de kirchnerismo e levaram Mauricio Macri (Cambiemos) ao poder, os comentários sobre política eram ineludíveis. Entre tristeza e euforia, partidários de ambos candidatos vertiam suas emoções nas redes sociais e em rodas de amigos.

Na favela Rodrigo Bueno, pequeno assentamento no coração do bairro nobre de Puerto Madero, estudantes de uma escola de educação popular também comentavam o pleito do último domingo com ares de estoicismo: há mais de 10 anos resistem a tentativas de despejo e travam uma luta com o governo da cidade de Buenos Aires para garantir seu direito à urbanização.

As casas erguidas nas imediações da Reserva Ecológica Costanera Sur, criada em 1986 quando já havia gente morando por ali, convivem também com um depósito de carros da Polícia Federal.

Fotos:Aline Gatto Boueri/Opera Mundi

O estudante Cristian Dominguez acredita que os próximos anos serão "muito difíceis


Crise de 2001

Segundo o censo de 2010, a população das favelas de Buenos Aires cresceu mais de 50% se comparada com os números de 2001, quando um grave crise econômica detonou protestos por toda a Argentina e fez com que o então presidente, Fernando De La Rúa (1999-2001) renunciasse dois anos antes do fim do seu mandato e fugisse da Casa Rosada em um helicóptero.

A crise que estourou em 2001 foi constantemente lembrada por Scioli durante a campanha para o segundo turno. O candidato governista tentou associar Mauricio Macri às políticas econômicas neoliberais que predominaram no país ao longo dos anos 1990.

A dona de casa María del Carmen Pencino, de 46 anos, atribui a vitória de Macri a "eleitores muito jovens, que não lembram da crise ou não sabem o que os pais viveram". "Tenho seis filhos e passei dificuldades, tive que ir às ruas com as crianças, enfrentar os gases [lacrimogêneos lançados pela polícia durante os protestos]", conta.

Pencino também se preocupa em garantir a moradia para sua família. Desde 2005, o governo do peronista Jorge Telerman (2005-2007) tenta desocupar os terrenos, localizados em uma zona que ganhou valor na última década e cobiçados por construtoras para a investimentos imobiliários.


María del Carmen Pencino diz temer um despejo por ser inquilina na Rodrigo Bueno

Urbanização

O governo da cidade de Buenos Aires, nas mãos de Macri desde 2007, reluta em urbanizar a favela com a alegação de que os terrenos pertencem à Reserva Ecológica. Para eludir a obrigação, apelou de sentença favorável aos moradores do bairro, que esperam uma decisão judicial definitiva sobre o caso.

Enquanto isso, quem mora na favela tem acesso precário à rede de esgoto e água potável. O caso da Rodrigo Bueno, batizada com o nome de um popular cantor de cuarteto, chegou à CIDH (Corte Interamericana de Direitos Humanos) em audiência sobre o acesso à moradia.

"Eu tenho medo porque alugo, não tenho casa própria. E mesmo que tivesse, a recompensa em dinheiro não adianta porque não seria suficiente para comprar uma casa própria, ainda mais porque temos que pagar em dólares. Eu sei porque leio os anúncios e vejo quanto custa uma casa", diz a dona de casa.

O feirante Bautista, de 40 anos, é categórico: "pessoas humildes não estão felizes com a vitória de Mauricio Macri". Para ele, o fato de que nas últimas eleições o PRO - partido do presidente eleito que compõe a aliança Cambiemos - tenha arrebatado os governos nacional, da Capital federal e da província de Buenos Aires torna sua luta mais árdua. "É como se todo o país pertencesse a ele [Macri] agora".


"Não queremos que a mudança seja transformar a Rodrigo Bueno em um condomínio de luxo", diz o feirante Bautista

Luta

Bautista destacou que desde 2005 os moradores do assentamento resistem à desocupação dos terrenos. "A luta agora vai ser das organizações independentes em conjunto com a força política que perdeu as eleições para tratar de controlar cada passo que Macri der. Ele fala muito de mudança. O que não queremos é que a mudança seja transformar a Rodrigo Bueno em um condomínio de luxo", diz.

Além disso, Bautista se queixa da ausência da questão das favelas no debate que antecedeu o segundo turno e aponta para uma falta de ideias sobre políticas contra a pobreza - apesar de esse ter sido um dos lemas da campanha de Mauricio Macri, que prometeu "pobreza zero" no país. "O debate esteve cheio de golpes baixos de ambas as partes, quando deveria ter sido uma oportunidade para falar dos verdadeiros problemas das pessoas", reclama. "Na Argentina há fome. No interior do país há crianças que morrem de fome e isso sequer foi debatido".

Cristian Dominguez, estudante de 22 anos, votou à tarde no bairro de La Boca e voltou à Rodrigo Bueno para acompanhar a apuração. "Foi uma surpresa", disse sobre o resultado. "Não consigo entender como isso pode acontecer". Ele diz que se sente inseguro com relação ao futuro de sua família. "Tenho seis irmãos e preciso ajudar em casa".

O jovem, que avaliou o debate prévio ao segundo turno como "um discurso dirigido à classe média", acredita que "vão ser anos muito difíceis, em que teremos que lutar por nossos direitos".

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Política e Economia

Organizações da Sociedade Civil tiveram direitos violados no governo Bolsonaro, diz associação

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Pesquisa feita com 135 organizações sociais de todas as regiões do país foi apresentada no Fórum Político de Alto Nível da ONU

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-07-05T21:50:00.000Z

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A Associação Brasileira de ONGs afirmou, por meio de uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (05/07) no Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foram submetidas a violações sistemáticas de direitos pelo Estado brasileiro no período entre 2019 e 2021.

O estudo, intitulado Criminalização Burocrática, foi feito a partir do levantamento do perfil de 135 organizações sociais de todas as regiões do Brasil, combinando abordagens qualitativa e quantitativa, incluindo ainda grupos focais e entrevistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Para conferir o relatório completo, clique aqui. 

“Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, o que se observa é um aumento de desconfiança sobre o campo da sociedade civil organizada. Há uma escalada nas tentativas de criminalização das OSCs, com projetos de lei e outras medidas legais destinadas ao controle e restrição do espaço de atuação dessas organizações”, apontam os pesquisadores da pesquisa. 

Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo que “visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos e, de forma geral, inviabilizar o trabalho das entidades”. 

Flickr
Segundo a Abong, as organizações têm sido alvo de uma “série de ataques” por meio de medidas em âmbito administrativo

“As informações também apontam que as OSCs têm sofrido, com o governo federal como agente, crimes de calúnia, difamação ou injúria, todos previstos no Código Penal”, diz a associação.

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