Organizações sociais chilenas aproveitaram a visita da presidente brasileira, Dilma Rousseff, ao Chile nesta sexta-feira (26/02) para manifestar um apelo em favor da liberdade do chileno Mauricio Hernández Norambuena, ex-guerrilheiro chileno preso no Brasil pelo sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2002.
Agência Efe
Manifestação realizada próximo ao Palácio de la Moneda
O apelo foi realizado durante uma cerimônia em que as mandatárias Michelle Bachelet e Dilma Rousseff deixaram uma oferenda floral ao lado da estátua de Bernardo O´Higgins, na Praça da Cidadania — em frente ao Palácio de La Moneda. Uma delegação, que incluía membros da UNExPP (União Nacional de Ex-Presos Políticos) e da Esquerda Autônima, partido do deputado e ex-líder estudantil Gabriel Boric, realizou uma manifestação em favor da liberdade de Norambuena e tentou entregar uma carta às autoridades brasileiras, mas foram contidos pela polícia.
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O conteúdo do manifesto foi publicado em sites na internet e nas redes sociais. O texto pede que a presidente brasileira interceda pela liberdade de Norambuena, alegando razões humanitárias.
Além de Boric, também apoiaram a demanda: o sociólogo Tomás Moulián; o Partido Igualdade; o Coletivo Girasoles — que reúne ex-presas políticas da ditadura chilena — e o Movimento Rodriguista, do qual formam parte ex-militantes da FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez, grupo ao qual Norambuena fazia parte).
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Dilma e Bachelet se reuniram com empresários
Num dos trechos da carta, os solicitantes apelam “à sensibilidade social e humana, demonstrada hoje por seu governo e também pelo seu passado, por ter se comprometido a uma luta assertiva contra a ditadura militar que assolou o seu país nos Anos 60 e 70, razão pela qual você também sofreu perseguição política, a tortura e o encarceramento”.
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A porta-voz do Movimento Rodriguista, que reúne ex-companheiros de guerrilha de Norambuena, é Laura Hernández Norambuena, irmã de Mauricio. Ela afirmou que “a carta é uma tentativa de sensibilizar a presidente Dilma Rousseff para um sofrimento e uma injustiça que sabemos que ela conhece, porque também viveu a mesma luta. Também incluímos toda a informação, acompanhada dos documentos que temos, comprovando que ele já cumpriu a pena por seu crime no Brasil e merece a liberdade. Agora, só nos resta contar com o sentido de justiça da presidente”.
Quem é Norambuena:
Mauricio Hernández Norambuena, conhecido como Comandante Ramiro, foi um dos mais atuantes membros do FPMR, grupo guerrilheiro formado por sobreviventes de grupos e partidos de esquerda perseguidos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), especialmente do Partido Comunista.
Reprodução/Facebook
Imagem da campanha no Facebook que pede a libertação do ex-guerrilheiro Mauricio Hernández Norambuena
Ele participou de três dos operativos mais importantes realizados pela guerrilha: o atentado contra o ditador, em 1986, e o assassinato do senador Jaime Guzmán — o líder civil da ditadura e autor da constituição ainda vigente no país —, em 1991, e o sequestro de Cristián Edwards, filho do empresário Agustín Edwards, dono do jornal El Mercurio, entre setembro de 1991 e fevereiro de 1992.
Por esse segundo caso, ele foi preso e condenado em seu país, mas conseguiu escapar do presídio de segurança máxima, em 1996. Desde sua prisão no Brasil, em 2002, o partido ultraconservador UDI tenta junto ao governo brasileiro a sua extradição para o Chile, para que termine de cumprir a pena pelo crime de Guzmán.