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Política e Economia

Abraços, beijos e luta: 300 mil pessoas lembram 30 mil desaparecidos durante ditadura argentina

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No dia de outono ensolarado, pessoas de todas as idades marcharam em Buenos Aires para, como todos os 24 de março, pedir justiça às vítimas da ditadura

Aline Gatto Boueri

2016-03-25T18:15:00.000Z

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Ainda não eram 14h, hora marcada para o começo da marcha, e os ônibus já não conseguiam chegar à Avenida 9 de Julho, a um quilômetro de distância da Praça de Maio. No dia de outono ensolarado, mães e pais com suas crianças, adolescentes, homens e mulheres de todas as idades desciam a vários pontos de distância de seu destino final e caminhavam rumo à concentração para, como todos os 24 de março, homenagear os desaparecidos pela última ditadura argentina e pedir justiça.

Ao longo da 9 de julho, onde os movimentos sociais se concentravam antes de marchar pela centenária Avenida de Maio, ouvia-se muita percussão, canções de protesto como só os argentinos sabem fazer, inspiradas no rock nacional como as que cantam nos estádios, fumaça, palavras de ordem que saiam de megafones ou à força da garganta.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Mar de bandeiras toma a Avenida 9 de Julho na concentração antes da marcha

E viam-se militantes em colunas pequeninas ou enfileirados sob bandeiras que ocupavam cinco quarteirões. Viam-se famílias que caminhavam enquanto tomavam chimarrão, viam-se abraços, beijos e luta.

A visita do presidente norte-americano, Barack Obama, que manteve agenda bilateral com seu par argentino, Mauricio Macri, nos dias 23 e 24, não passou despercebida. Entre cartazes e pichações que exigem a continuidade dos julgamentos aos responsáveis - civis e militares - pelo terrorismo de Estado da última ditadura, muitos lembravam a cooperação e cumplicidade dos EUA com o regime.

Também lembravam medidas econômicas de austeridade - de ontem e hoje. Com centralidade na marcha, logo atrás dos organismos de direitos humanos vinculados à luta contra a ditadura, sindicatos denunciavam as demissões em massa desde que Macri chegou ao governo, em dezembro de 2015.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Cartazes e pichação lembram papel dos EUA e de grandes corporações na ditadura argentina

Pelas ruas laterais e em todas as imediações da Praça de Maio apenas alguns policiais acompanhavam com os olhos a ocupação massiva das ruas por militantes das mais diversas tendências: kirchneristas, trostkistas, anarquistas, movimentos de base, sindicalistas. Não há movimento social ou político na Argentina que se esquive em dizer, ao menos em público, que ditadura “nunca mais”.

Já na Praça de Maio, diante de uma multidão, Avós e Mães da Praça de Maio - Linha Fundadora, H.I.J.O.S. Capital e Familiares de Detidos e Desaparecidos por Razoes Políticas - organismos que costumam fazer uma análise de conjuntura política todos os anos no aniversário do golpe - leram seu comunicado.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Membros da associação Mães da Praça de Maio marcham pela Avenida de Maio

Sem rodeios, apontaram diretamente ao presidente Mauricio Macri. “Nesses primeiros 100 dias de governo, nossa democracia retrocedeu muito: com decretos de suposta necessidade e urgência violentaram leis e instituições, como a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual e o Congresso Nacional, quando tentou impor juízes à Corte Suprema. A necessidade e a urgência que os apressavam eram as de desarmar um país integrado à Pátria Grande e com um Estado voltado para o povo”, diziam os organismos em um trecho do documento.

Em meio à visita de Barack Obama em tão pouco oportuna data, os organismos também lembraram os vínculos dos EUA com o golpe de 40 anos atrás. “A ditadura de 1976 foi civil-militar. Os grupos econômicos, os governos dos EUA, a cúpula da Igreja e a corporação judicial foram a parte civil do golpe de Estado mais assassino da nossa história, em que as Forças Armadas utilizaram alguns dos métodos de tortura mais macabros do mundo”, apontou o documento, que também exigia o cumprimento da promessa do presidente norte-americano em desclassificar arquivos de seu país relacionados ao período ditatorial na Argentina.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Bandeiras lembram os 30 mil desaparecidos durante a última ditadura argentina (1976-1983)

Quando a noite começava a chegar e o vento de outono fazia a temperatura cair vários graus na Praça de Maio, ainda era possível ver colunas inteiras de movimentos sociais que entravam pelas avenidas diagonais e levavam ao lugar emblemático suas exigências.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Coluna do movimento La Campora, criada por Maximo Kirchner, filho de Cristina e Néstor, chega à Praça de Maio

Muitos lembraram as declarações de Darío Lopérfido, ministro de Cultura da cidade de Buenos Aires, governada pelo correligionário do presidente Mauricio Macri, Horacio Rodríguez Larreta. Em um evento organizado em janeiro por um jornalista no litoral argentino, Lopérfido questionou o número emblemático de 30 mil desaparecidos, reivindicado pelos organismos de direitos humanos. Segundo o funcionário, essa cifra teria sido fruto de um “acordo em uma mesa secreta” com o objetivo de “receber subsídios” estatais como reparação pelos crimes da ditadura.

Na ocasião, a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, pediu que o ministro de cultura portenho divulgasse então sua lista de quem e quantos são desaparecidos pela ditadura.

A 40 anos do golpe de Estado, manifestantes foram à Praça de Maio para dizer, entre outras coisas, que os desaparecidos são 30 mil. E nessa tarde de outono eles foram 300 mil.

Aline Gatto Boueri / Opera Mundi

Pichação na Avenida 9 de Julho contra visita de Obama e governo Macri nos 40 anos do golpe

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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