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Política e Economia

O que pensam brasileiros que vivem na Rússia sobre o impeachment de Dilma?

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João, em São Petersburgo, lembra que processo é movido por parlamentares implicados em corrupção; Flávia, em Ufá, diz que 'é hora de mudanças'

Sandro Fernandes

2016-04-15T09:00:00.000Z

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O processo de impeachment que a presidente Dilma Rousseff enfrenta na Câmara dos Deputados tem mobilizado brasileiros que moram no exterior contra e favor da destituição da mandatária.
 
Na Rússia, a reportagem de Opera Mundi ouviu brasileiros que vivem em São Petersburgo, Ufá, Kursk e Moscou, capital russa. Entre os que são contra o possível impedimento de Dilma, João Gabriel Trindade, que vive em São Petersburgo, ressalta o fato de que o processo contra a presidente brasileira é movido por parlamentares envolvidos em casos de corrupção, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu de ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal), acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
 
Entre os que apoiam a possível destituição de Dilma, Flávia Costa, que vive em Ufá, afirma que "é hora de mudanças em nosso país" e, para ela, "a mudança deve vir de cima".
 
Leia a seguir os depoimentos de João, Flávia e outros brasileiros que vivem na Rússia:
 
 
 
Diego Plácido Costa, 29 anos, estudante de Medicina, vive em Kursk
 
Escutei muitas vezes na minha vida que a melhor maneira de se resolver um problema é vendo ele de fora. Hoje, o Brasil se encontra com vários problemas econômicos por culpa de uma guerra política, onde todos os partidos buscam somente o poder, a todo custo.
 
Nenhum deles está preocupado com a população. Nenhum deles liga se empresas estão fechando, pais de família estão desempregados ou se o Brasil como um todo está afundando.
 
O que todos estão fazendo: medindo forças políticas dentro de Brasília, usando a mídia para espalhar notícias falsas e para manipular o povo a seu favor. Todos os lados fazendo a mesma coisa. O impeachment hoje seria sim um golpe. Um golpe contra nossa democracia. O problema é que a nossa democracia é ilusória. Não existe nenhum presidenciável hoje no Brasil que não esteja envolvido em qualquer tipo de escândalo. Simplesmente nenhum. Ou seja, não importa quem o povo colocar lá agora, são todos farinha do mesmo saco.
 
O problema agora é: derrubar uma presidente eleita de forma direta pelo povo, usando meios de manipulação em massa. É isso que estão tentando fazer no Brasil.
 
 
João Gabriel Trindade, 30 anos, gerente de produto da start-up russa Lingualeo, vive em São Petersburgo
 
Sou contra o impeachment por vários motivos. O primeiro é o fato de não haver sido encontrada evidência de crime de responsabilidade, o que por si só já configura toda e qualquer tentativa de afastamento de um chefe de Estado em pleno exercício de suas funções, independentemente de análises subjetivas acerca de políticas específicas, um golpe. Sobre as “pedaladas fiscais”, talvez coubesse ainda o argumento de que governos anteriores cometeram a mesma falta e nem por isso sofreram impeachment, todavia prefiro não entrar no mérito a fim de não utilizar a falta de um como justificativa para a prática de outro. 
 
Segundo, é da ordem do “teatro do absurdo” que o presidente da Câmara dos Deputados [Eduardo Cunha, PMDB-RJ] e vários outros parlamentares possam, sendo investigados e havendo evidências concretas contra eles, seguir no exercício pleno de suas funções a ponto de iniciarem um processo de impeachment contra a presidente. Se a base para o Estado Democrático de Direito é a possibilidade de defesa dada a qualquer cidadão, parece-me que este direito é constantemente abusado por parte destes parlamentares e ao mesmo tempo cerceado quando em relação à presidente.
 
 
Thiago Lucena, mestrando em Física Teórica, vive em Moscou
 
Até onde sei, não há crimes contra a presidente na gestão atual, mesmo que diversos membros do PT estejam envolvidos em escândalos. Por outro lado, dezenas de membros da Câmara dos Deputados são suspeitos de envolvimento em crimes, com muitos deles tendo sendo citados na lista da Odebrecht. O impeachment é movido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é réu e usa sua posição privilegiada para atrasar indefinidamente seu processo. Ao seu lado estão o PMDB (em sua maioria), PSDB, DEM e outros partidos que vêm lutando ativamente para degradar os direitos conquistados durante de anos de lutas, inclusive ao ponto de tentar atropelar a Constituição brasileira. 
 
Há, de fato, a necessidade de se passar o poder de uma presidenta isenta de acusações para um grupo de "políticos", réus em processos de corrupção e que apostam no "quanto pior, melhor"? Não vejo lógica em tal pensamento tortuoso.
 
Os corruptos devem, sim, ser punidos, mas devemos começar com aqueles contra os quais já há pilhas de acusações à disposição dos tribunais e que por algum motivo continuam "à prova de balas". Se surgirem provas concretas contra a presidente, aí, sim, se deve cogitar um processo de impeachment, que seja conduzido por uma Câmara limpa.
 
 
Flavia Costa, 32 anos, licenciada e bacharel em Educação Física, vive em Ufá

Sou a favor do impeachment porque é nítido que o governo não tem mais condições de se sustentar.

Não se pode sustentar um governo com tanta corrupção. Não digo que nos governos anteriores não havia, mas dessa forma descarada, que estamos vivendo atualmente, não. Minha esperança, e a de muitos brasileiros, é que não haja uma ruptura das instituições e que isso não gere uma guerra civil. 
 
Essas pessoas que estão no governo chamam o processo de impeachment de golpe, quando na verdade todas as leis dizem que não é golpe. Até a mais alta corte do país, o STF, já afirmou isso.
 
É hora de mudanças em nosso país, de reivindicarmos um país melhor na educação, saúde, segurança, transporte e afins. E isso só acontecerá se tivermos políticos que façam isso acontecer, pois a mudança deve vir de cima. Todos os políticos, independentemente de partido (que para mim também nem deveriam existir), têm que ter a consciência de que se entraram lá e não atendem à expectativa da população, serão os próximos a serem substituídos.
 
 

Gustavo Pereira, 37 anos, gerente de operações de ticketing na MATCH Services, vive em Moscou

Eu sou liberal, então vejo o impeachment de Dilma em primeiro momento de forma positiva para o Brasil, em especial para a economia. Com o impeachment, sem duvida o dólar irá baixar, a inflação irá cair, novos empregos serão gerados e o crédito voltará a circular. Assim a economia voltará a respirar e o PIB subir.
 
Dilma está isolada e não se governa um país sem apoio e alianças. Ela perdeu qualquer capacidade de governar o Brasil por conta de problemas como pedaladas fiscais, seu partido afundado em corrupção e sobretudo a arrogância e soberba de seu governo. 
 
Porém, me arrepia a ideia de ver o PMDB assumindo o Brasil. Me arrepia mais ainda saber que nossa esperança está nas mãos de pessoas como Aécio Neves (PSDB) e Ronaldo Caiado (DEM). Em um outro cenário de filme de horror, Marina Silva seria eleita presidente.
 
Então, por mais contraditório que pareça, o impeachment hoje é a solução mais imediata para acalmar o mercado e voltar a dar gás para o Brasil, porém é inegável que por conta da ausência de liderança e gente competente na oposição, esse movimento pode ser um erro.
 
 
Lucas Oliveira, 25 anos, estudante de Medicina, vive em Kursk
 
Sou a favor [do impeachment] pelo simples fato de que um país é uma empresa e o presidente é o líder máximo dessa empresa. Se ele falha em levar a empresa ao patamar evolutivo, ele tem que ser deposto. 
 
Todo e qualquer setor da República, seja econômico, cultural ou social, está sucateado. Meus argumentos não são apenas econômicos. Eu sou contra o atual governo pela defasagem em todos os setores.
 
Sou bem novo, e na minha época de escola, fazíamos resumos de obras literárias toda semana. Existia uma responsabilidade com a educação profissional. Hoje, até os meios de comunicação exalam uma pobreza em linguística.
 
Sou a favor do impedimento da presidente Dilma, como também sou a favor da queda de Eduardo Cunha posteriormente.
 
Apoio o [deputado federal Jair] Bolsonaro (PSC-RJ), mas infelizmente não tenho tanta esperança de que Bolsonaro ganhe [eleições presidenciais].
 
O que suceder o PT numa possível queda vai ser ruim de qualquer jeito. Então, o único argumento que sobra é que, com a queda do PT, a gente se afasta de países com políticas vermelhas”. 
 
 
 
 

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Política e Economia

Em 1º discurso após posse, Petro promete reforma na política contra as drogas na Colômbia

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Ao lado da espada de Simón Bolívar, novo presidente colombiano disse que a política antidrogas 'fracassou profundamente', afirmando que a 'paz é possível' no país

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-08-07T22:35:00.000Z

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Ao som ovacionado das milhares de pessoas reunidas na Praça Bolívar, em Bogotá, Gustavo Petro realizou seu primeiro discurso neste domingo (07/08) como novo presidente da Colômbia. Petro reafirmou o compromisso de uma reforma na política contra as drogas no país.

"A política contra as drogas fracassou profundamente. A guerra fortaleceu a máfia e debilitou Estados, levando-os a cometerem crimes e evaporou o horizonte da democracia. Chegou o momento de mudar a política antidrogas no mundo para que seja a vida ajudada e não a morte", disse.

Durante seu discurso, Petro pediu que a espada de Simón Bolívar fosse deixada no palco, ao seu lado. Para ele, o objeto significa "toda uma vida, uma existência" que o auxiliou no processo que culminou em sua eleição à Presidência.

Petro disse não querer que a espada esteja "enterrada", que ela seja a "espada do povo". "Chegar aqui implica recorrer uma vida, uma vida imensa que nunca é sozinha. Aqui estão todas a mulheres colombianas que lutam para superar o machismo e construir uma política do amor. As mãos humildes dos operários, dos campesinos, o coração dos trabalhadores que me apoiam sempre quando me sinto débil", declarou.

Segundo o novo mandatário, os colombianos, "muitas vezes", foram "condenados ao impossível e a falta de oportunidades". No entanto, Petro declarou a "todos que estão me escutando" que, agora, "começa nossa segunda oportunidade". 

"Nós ganhamos, vocês ganharam. O esforço de vocês valeu a pena. Agora é hora de mudança, nosso futuro não está escrito e podemos escrever juntos e em paz. Hoje começa a Colômbia do impossível", disse durante a posse, declarando que sua eleição é uma história contra aqueles que não acreditavam, "daqueles que nunca queriam soltar o poder. Porém o fizemos".

Redistribuição de riqueza

Petro afirmou que a "igualdade será possível" na Colômbia, para que a desigualdade e a pobreza não "sejam naturalizadas", já que, segundo o novo presidente, o país é uma das "sociedades mais desiguais em todo o mundo", afirmando ser necessário mudar este paradigma "se queremos ser uma nação e viver em paz". 

Reprodução/ @FranciaMarquezM
Petro e Márquez tomaram posse neste domingo como o primeiro governo de esquerda na Colômbia

"Vamos ser uma Colômbia mais igualitária e com mais oportunidades a todos. A igualdade é possível se formos capazes de gerar riqueza e capazes de distribuí-la. Para isso, é necessário uma reforma tributaria que gere justiça", afirmou durante o discurso.

O presidente reafirmou que seguirá os Acordos de Paz, assinados em 2016, e também as resoluções da Comissão da Verdade em relação à violência no país. Ele declarou que é preciso terminar "para sempre" com os conflitos armados, convocando "todos as pessoas armadas para buscar um caminho que permita a convivência, não importando os conflitos que existam".

"Encontrar soluções através da busca por mais democracia para terminar a violência. Convocamos todos os armados a deixarem as armas, aceitar jurisdições pela paz, a não repetição definitiva da violência, para que a paz seja possível. Precisamos dialogar, nos entender e buscar os caminhos comuns e produzir mudanças. A paz é possível", afirmou.

Posse de Petro

Petro tomou posse neste domingo em uma cerimônia na Praça Bolívar, em Bogotá. Aos 62 anos, ele é o primeiro mandatário de esquerda a assumir o poder na história do país.

O presidente do Senado colombiano, Roy Barreras, foi o encarregado de ler o juramento a Petro, que fala em "cumprir fielmente a Constituição e as leis" do país. Na sequência, a senadora María José Pizarro, filha de Carlos Pizarro assassinado em 1990 e que foi companheiro do agora presidente na guerrilha Movimento 19 de Abril (M-19), entregou a faixa presidencial ao novo chefe de Estado.

Também na posse, a vice-presidente eleita Francia Márquez realizou juramento, que foi lido pelo agora mandatário da Colômbia.

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