O processo de impeachment que a presidente Dilma Rousseff enfrenta na Câmara dos Deputados tem mobilizado brasileiros que moram no exterior contra e favor da destituição da mandatária.
Nos Estados Unidos, a reportagem de Opera Mundi conversou com brasileiros que vivem em Nova York e em Washington. Paula Beatriz Mian, estuda na capital norte-americana e é contra o possível impedimento da presidente brasileira. Para ela, os argumentos para a destituição de Dilma “são frágeis”. Ela ressalta que o regime político brasileiro “é um presidencialismo, não um parlamentarismo, em que, quando o premiê perde o apoio da maioria, cai”.
Já Antônio Moraes, que mora há 32 anos em Nova York, é a favor do possível impeachment de Dilma. “O ponto que eu não apoio o governo da Dilma e do Lula é que eles fazem apologia ao comunismo”, afirma o guia de turismo. Para ele, “o brasileiro se tornou vítima da democracia: em nome dela, cada um que entra rouba mais que o outro”.
Leia a seguir os depoimentos de Paula, Antônio e de outros brasileiros que vivem nos EUA:
Paula Beatriz Mian, 25 anos, mestranda em políticas públicas; mora em Washington
Se você quer destituir um ou uma presidente, tem que ser de forma legal. Não acho que o impeachment seja um golpe: é um processo político, quem conduz é o Congresso, então isso já dá um tom que não se trata de um julgamento, porque quem faria isso seria um tribunal. Se eu fosse congressista, por exemplo, votaria ‘não’; e, como cidadã com representante lá, pediria que meu representante votasse ‘não’. A razão é simplesmente que é um presidencialismo, não um parlamentarismo, em que, quando o premiê perde o apoio da maioria, cai. Os argumentos atuais são frágeis: crime de responsabilidade a gente já sabe que não é forte. Discordo do que ela fez, mas não é argumento, porque infelizmente ela não é a primeira [a fazer isso].
Acho que a única forma que ela poderia ser destituída seria com uma votação do TSE. É complicado para o país ela ser impedida neste momento, porque vai criar um precedente muito complicado, as instituições já estão fragilizadas e vão ficar mais fragilizadas ainda.
Pedro Igor Chantal, 27 anos, é entregador e trabalha em um restaurante em Washington
Eu sou contra o impeachment, porque eu sou a favor da democracia. Teve a eleição e ela teve a maioria [dos votos]. As provas que existem a favor do impeachment não são provas verídicas para mim, pois já foram feitas por outros presidentes e também por parlamentares, que não são presos por isso. Não gosto muito da desigualdade da informação que está acontecendo agora. Uns julgam para um e não julgam para outros. E, por isso, eu sou contra o impeachment.
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Antônio Moraes, 64 anos, guia de turismo; mora há 32 anos em Nova York
A gente sempre esteve cercado pelo fantasma da corrupção. O brasileiro se tornou uma vítima da democracia: em nome dela, cada um que entra rouba mais que o outro. Agora, o ponto que eu não apoio o governo da Dilma e do Lula é que eles fazem apologia ao comunismo. Se eles querem continuar com essa ideia, eles deviam ir para Cuba ou para Rússia e deixar o Brasil em paz.
O PT fez coisas maravilhosas, acabou com a fome, mas roubaram demais, quebraram todas as nossas grandes companhias. Minha vida sempre foi uma maravilha, mas o dólar a R$ 4 afetou meu negócio. Tinha um faturamento diário entre US$ 800 US$ 1.000 só servindo brasileiros, ora como guia, ora levando-os aos outlets. Mas, hoje, estamos na amargura de que, se fizermos entre US$ 100 e US$ 150, damos graças a Deus.
Ela [Dilma] está lá como fantoche: quem está fazendo o 3º mandato é o Lula. Ele tem a capacidade, inclusive, de manuseá-la. Ela tem que ser impedida, porque convive com todas as maracutaias que foram feitas. Não é possível que a presidente que está ali dentro não está vendo o que está acontecendo com o país. Para estar lá, apoia a ideologia que eles chamam de democracia. Mas isso não é democracia não.
Edna Faleiro, 72 anos, fotógrafa, mas trabalha como faxineira; mora há 23 anos em Nova York
Ela [Dilma Rousseff] é conivente com a corrupção. Se estão roubando, é com permissão da presidente. Ela é a chefe geral. É como o Ary Fontoura falou na TV: ‘Dilma, a senhora que fez o golpe’. Olha, o dano que essa mulher e essa corja estão causando no Brasil, nem em 30 anos isso vai resolver. Ela não está pensando que este é o país dela! Aqui, eu vivo no céu. Aqui [EUA] é um país de respeito, que ninguém te aborda, que ninguém te repara. Você trabalha e, em uma semana, você consegue pagar seu aluguel, passear, comer fora, comprar roupa. É só gostar de trabalhar. Eu sou apaixonada pelos Estados Unidos. Eu que não pretendo voltar não. Ela [amiga ao lado no sofá] sonhou que voltou pro Brasil e ficou em pânico [risos].
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Lula Marques / Agência PT
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, em evento no Palácio do Planalto no dia 31 de março