O processo de impeachment que a presidente Dilma Rousseff enfrenta na Câmara dos Deputados tem mobilizado brasileiros que moram no exterior contra e favor da destituição da mandatária.
A reportagem de Opera Mundi conversou com brasileiros que vivem em Paris, capital da França. Felipe Batista diz não ter votado em Dilma em 2014, mas é contra o possível impedimento da presidente brasileira. “Não porque não acho que temos problemas a serem resolvidos de maneira efetiva, muito pelo contrário, é por achar justamente que, para todo problema complexo, qualquer solução simples será falsa.”
Já Ricardo Fernandes diz ser “100% a favor do impeachment”. “Qualquer coisa que vier depois deste sistema de lesão aos cofres públicos será melhor do que o PT”, acredita o curador e galerista.
Leia a seguir os depoimentos de Felipe, Ricardo e de outros brasileiros que vivem em Paris:
Felipe Batista, 31 anos, engenheiro de software, mora em Paris
Sou contra essa tentativa de impeachment, não porque não acho que temos problemas a serem resolvidos de maneira efetiva, muito pelo contrário, é por achar justamente que, para todo problema complexo, qualquer solução simples será falsa. A atual presidenta não foi minha escolha eleitoral no ano retrasado em nenhum dos dois turnos (nem Aécio, aliás, no segundo), mas, partindo do princípio de que suas reivindicações são sinceras, tirar Dilma Rousseff do cargo agora seria a solução “simples” que só irá na contramão delas. É preciso levar em consideração o fato de que a corrupção não é exclusividade de um partido político ou sequer da classe política como um todo.
Acho não só legítimo como necessário nos questionarmos coletivamente sobre que organização (política) é essa que muitas vezes acaba produzindo metade dos indivíduos de uma nação insatisfeita, coisa que eu não acho boa para ninguém no fim das contas. É esse tipo de questionamento que deveria pautar o debate nesse momento delicado em que mais uma vez se mostra evidente a necessidade de discutirmos e aprendermos juntos, “coxinhas” e “petralhas”, a nos organizar para a construção da tão sonhada democracia.
Eduardo Celestino, 40 anos, empresário, mora em Paris
Sou contra o pedido de impedimento, pois concretamente nada foi provado contra a atual presidente, além das “pedaladas fiscais”, praticadas por governos anteriores e que ainda vigora em esferas estaduais. Nada que pudesse levá-la ao processo de impedimento! Além disso, as aves de rapina, líderes do pedido de destituição desse governo, não possuem moral ética para tal processo. O nome disso é golpe e representa somente o interesse de bandidos que compõem a oposição.
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Fernando Santiago, 43 anos, advogado, mora em Paris
Sou a favor do impeachment por razões distintas. A primeira é do ponto de vista moral, é inaceitável que as maiores autoridades do país deem um exemplo como este para a juventude ou mesmo para as pessoas que estão começando uma vida profissional e que veem neste tipo de comportamento um espelho. Mas também existe o ponto de vista político, da ingovernabilidade. Da forma em que está, se não houver impeachment, o país ficará ingovernável.
Existe uma resistência natural de qualquer cidadão ao comportamento das autoridades, trata-se de um atentado à governabilidade do país. Não haverá acordo político se não houver impeachment, será uma paralisia total. O terceiro ponto é jurídico. Analisando os fundamentos deste processo, as famosas “pedaladas fiscais”, nota-se uma amplitude muito maior do que qualquer coisa semelhante já feita no passado. De fato, confesso que a presidente não foi a única a cometer estas “pedaladas”, mas antes eram procedimentos temporários e num limite muito inferior ao que foi feito durante o governo de Dilma Rousseff.
Ricardo Fernandes, 47 anos, curador e galerista em Paris
Eu sou 100% a favor do impeachment. Não dá mais para perdermos tempo com isso. Nós precisamos agora de recuperar este ano inteiro que perdemos para que nós possamos, então, partir para uma outra perspectiva de vida no Brasil. Qualquer coisa que vier depois deste sistema de lesão aos cofres públicos será melhor do que o PT. Lógico que a política terá que ser sempre policiada e eu não acredito em outras competências sem policiamento por parte da população.
Senti diretamente na carne, no bolso e nas relações profissionais os efeitos dessa crise. Hoje em dia, não são apenas os governantes que nos representam, mas nós representamos o país aqui fora. Então, se existe algum problema no Brasil, acabamos respondendo diretamente por este problema no exterior.
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Wilson Dias / Agência Brasil
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, durante pronunciamento no Planalto do Planalto em 16 de março