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Política e Economia

Tentativa de golpe legitima discurso de ódio no Brasil, diz pesquisadora brasileira na Holanda

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Há fortalecimento de discursos misóginos, racistas e classistas no país, diz Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht e uma das articuladoras de movimento de brasileiros no exterior contra o impeachment

Carolina de Assis

2016-04-15T18:54:00.000Z

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Para Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht, na Holanda, e especialista em pós-colonialismo e racismo, a investida da direita contra a presidente Dilma Rousseff, que culminou no processo de impeachment em curso contra a líder brasileira, tem legitimado violências simbólicas e discursos de ódio como misoginia e racismo no Brasil.

Em entrevista a Opera Mundi nesta sexta-feira (15/04), Schor afirma que o combate a tais discursos, realizado há décadas por movimentos sociais, apenas começou a entrar nas políticas públicas do país com os avanços dos últimos 13 anos em relação aos direitos da população negra, de mulheres, de pessoas LGBT e de outras minorias sociais. Para a pesquisadora, a possível vitória do impeachment no próximo domingo (17/04) seria um “retrocesso” e uma “vitória da injustiça e do vale-tudo frente às populações marginalizadas”.

Reprodução Facebook

Grupo de brasileiros reunidos no 1º Ato pela Democracia no Brasil, realizado em Amsterdã no dia 31/03

A pesquisadora diz ter observado o fortalecimento de discursos como “a justificação da violência misógina, racista e de classe no Brasil” nos últimos anos. Tais discursos “sempre existiram e foram muito visíveis a populações periféricas, mas agora há certa convicção de falar isso de maneira retumbante, de dar voz a esse posicionamento, e daí para políticas e práticas é um pulo”, acredita Schor.

Na Holanda, onde vive há 24 anos, ela é uma das articuladoras do movimento de expatriados brasileiros contrários ao impedimento da presidente Dilma. “Foi muito bom essas pessoas se encontrarem”, diz Schor sobre os encontros semanais que têm acontecido em Amsterdã, capital holandesa, desde o dia 31 de março. “Dá muita angústia acompanhar o que está acontecendo de longe. Há brasileiros ou gente preocupada com o Brasil se manifestando também em outros lugares do mundo e é bom fazer parte desse movimento.”
 

Para a pesquisadora, o que está em curso no Brasil é um golpe “porque não há crime. Porque há uma instituição organizada, o establishment, que é a mídia corporativa, o capital, a religiosidade conservadora e fundamentalista, grandes poderes organizados pra derrubar uma instituição democrática. Não há base legal, não há crime estabelecido, mas isso fica uma questão subsidiária dentro desse clima instituído de terror”, acredita.

Nos encontros realizados no Teatro Muganga, propriedade de dois brasileiros também moradores de Amsterdã, expatriados e holandeses debatem questões históricas e sociais e assistem a vídeos e filmes que ajudam a elucidar o momento atual no Brasil. Em praça pública, brasileiros na capital holandesa contra o impeachment têm se reunido aos domingos com faixas (em português, inglês e holandês), fazendo música e conversando com turistas – brasileiros e de outras nacionalidades – e holandeses para multiplicar o grito de “não vai ter golpe”.

“Uma vez passaram brasileiros muito bem vestidos e um gritou ‘abaixo a Dilma’ e outro mandou a gente tomar no cu”, ri Schor. “Ao mesmo tempo veio um casal de brasileiros jovens e se juntou a nós, carregou a faixa e tudo”, conta a pesquisadora sobre os atos na Beurs van Berlage, no centro de Amsterdã. No grupo de brasileiros se reunindo no teatro e na rua, “há gente muito jovem que acabou de chegar aqui e que está envolvida com movimentos sociais no Brasil e ao mesmo tempo tem gente que veio [para a Holanda] na época da ditadura”, diz Schor.

O movimento é apartidário, diz a pesquisadora, e para os brasileiros expatriados é também uma maneira de se conectar tanto com o que se passa no Brasil como com o contexto do país em que se encontram. “Acho importante os brasileiros irem à rua e se engajarem com outros movimentos associados sobre questões que estão em pauta também aqui, como a deterioração da democracia europeia, a desconstrução do Estado de bem-estar social, a misoginia e o racismo galopantes. É também um momento de sair um pouco dessa posição nebulosa de ‘não estou aqui nem lá’, mas estar plenamente aqui e lá e fazer conexões oportunas e que fazem sentido”, acredita Schor.

O que pensam brasileiros no exterior sobre o impeachment? Clique nos países em azul, no mapa interativo, para ver as opiniões

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Maioria dos católicos alemães rejeita condenação do aborto

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Declarações do papa e da Igreja contra a interrupção da gravidez são rechaçadas por 58% dos católicos, indica pesquisa

Darko Janjevic

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-09T21:59:00.000Z

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Uma pesquisa de opinião realizada na Alemanha revelou uma grande distância entre a os fiéis católicos e a os líderes da Igreja Católica, em relação ao aborto.

O levantamento, realizado pela INSA Consulere a pedido do jornal Die Tagespost, perguntou aos entrevistados: "É bom que o papa e a Igreja se manifestem contra o aborto?"

Somente 17% dos respondentes católicos responderam que sim. Outros 58% disseram que não. Entre os protestantes, apenas 13% eram favoráveis às declarações contra o aborto. Mais de dois terços discordaram dos posicionamentos do papa Francisco ou da Igreja Católica sobre o aborto.

Para a pesquisa foram entrevistados 2.099 cidadãos no fim de julho e início de agosto.

Igreja progride, mas só até certo ponto

O papa Francisco reorientou a Igreja Católica para um caminho mais liberal desde que assumiu o cargo de pontífice, em 2013. Ele tomou posições contundentes sobre padres envolvidos no abuso sexual de crianças, condenou governos de países do Ocidente por deportarem imigrantes, pediu mais ajuda para os pobres e mais esforços para preservar o meio ambiente. Publicamente, ele também agiu para reduzir o preconceito contra pessoas LGBTQ, afirmando que Deus "não renega nenhum de seus filhos" e endossando as uniões civis entre homossexuais.

Papa Francisco conduziu iniciativas para modernizar a Igreja Católica, mas mantém sua firme condenação ao aborto
Eric Gay/dpa/AP/picture alliance

No entanto, o papa Francisco também decepcionou alguns de seus apoiadores mais liberais ao rejeitar a benção católica para os casamentos gays. Ele também recusou-se a abandonar a posição tradicional da Igreja sobre o celibato de sacerdotes, assim como sobre o aborto, que o Vaticano vê como um ato de assassinato.

Francisco sobre o aborto: "É correto contratar um assassino?"

Em entrevista à agência de notícias Reuters em julho, Francisco reafirmou a sua opinião de que fazer um aborto seria semelhante a contratar um assassino.

"A questão moral é se é correto matar uma vida humana para resolver um problema. De fato, é correto contratar um assassino para resolver um problema?" questionou.

A questão do aborto não é a única em que o Vaticano enfrenta perda de apoio na Alemanha. Há menos de três semanas, a Igreja Católica pronunciou-se contrária ao movimento católico progressista alemão Caminho Sinodal, advertindo-o que não tem autoridade para instruir bispos sobre questões de moralidade e doutrina.

O movimento vem fazendo pressão para que os padres sejam autorizados a casar, mulheres possam tornar-se diáconos e que a Igreja dê sua benção a casais do mesmo sexo.

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