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Em entrevista à emissora multiestatal Telesur publicada nesta quinta-feira (19/05), o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva disse que a imprensa brasileira “sabe” que “jogou um papel muito importante para ajudar a derrubar” a presidente Dilma Rousseff.
“A imprensa brasileira participou do golpe. A imprensa brasileira tem responsabilidade com o golpe e ela sabe disso”, afirmou Lula ao jornalista venezuelano Ernesto Villegas na entrevista realizada em São Paulo.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
“Governo que deveria ser interino começa a agir como se fosse um governo definitivo”, declarou Lula à emissora Telesur
“Chegou-se a um momento em que a imprensa brasileira era unanimidade contra Dilma”, disse o ex-presidente. “Agora, a imprensa virou unanimidade favorável ao governo [do presidente interino, Michel Temer], ou seja, numa demonstração inequívoca de que a imprensa jogou um papel muito importante para ajudar a derrubar Dilma”.
O ex-presidente disse que a mídia estrangeira se mostrou mais “solidária” a Dilma, incluindo veículos que criticaram a economia do país. “Eu penso que o apoio internacional que a presidente Dilma está tendo é muito grande. Não apenas apoio de partidos políticos, de intelectuais, de escritores, de governantes, de várias correntes do Parlamento Europeu, mas um grande apoio da imprensa internacional. Grandes periódicos conservadores estão solidários a Dilma, dizendo que foi um golpe aqui no Brasil”, disse Lula.
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“A imprensa internacional, que fazia muita crítica à economia brasileira alguns meses atrás, ao tratar da democracia, tem sido mais solidária a Dilma”, afirmou o ex-presidente. Segundo ele, “todos os jornais [estrangeiros] têm efetivamente demonstrado que foi um golpe, uma perseguição à presidente Dilma”. Lula citou o jornal The Guardian e a revista The Economist entre os veículos que manifestaram apoio à presidente afastada.
Lula afirmou também que o governo Temer está atuando “como se já tivesse sido votado o impeachment” e “como se já estivesse definitivamente no posto”. O julgamento que irá decidir pelo retorno ou pelo afastamento definitivo de Dilma Rousseff ocorrerá nos próximos meses no Senado, no qual é necessária uma maioria de dois terços (54 dos 81 senadores) para que o impeachment seja aprovado.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
À Telesur, Lula disse que só seria candidato em 2018 para “evitar a destruição das políticas de inclusão social”
Ao ser questionado sobre as mudanças na política externa brasileira, comandada agora pelo novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, Lula disse que “o Brasil está voltando a falar fino com os Estados Unidos e falar grosso com a Bolívia”. De acordo com o ex-presidente, a nova postura do Itamaraty é “uma visão eminentemente economicista da política internacional” e a equipe de Temer irá priorizar relações com os EUA e Europa em detrimento dos BRICS e de países latino-americanos, o que Lula critica.
Perguntado sobre se poderá sair candidato nas eleições presidenciais de 2018, Lula disse que só se candidataria se fosse para “evitar a destruição das políticas de inclusão social que nós fizemos neste país” e que deseja que algum nome novo seja apresentado para o pleito de 2018.