Nomeado ministro das Relações Exteriores pelo presidente interino do Brasil, Michel Temer, José Serra anunciou em seu discurso de posse novas diretrizes para a política externa brasileira. Desde então, especialistas divergem sobre a validade e a eficiência das mudanças em curso no Itamaraty.
O futuro da diplomacia brasileira é assunto do Duelos de Opinião deste sábado (04/06). Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula, e Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington no governo FHC, discutem a questão: o atual ministro das Relações Exteriores está certo ao mudar política externa brasileira?
Assista à primeira parte do Duelos de Opinião entre Rubens Barbosa e Celso Amorim:
Para Rubens Barbosa, não houve uma guinada à direita ou uma mudança brusca no Itamaraty. Com a posse de José Serra, o que aconteceu foi a adoção de “novas ênfases na política externa brasileira”.
“As prioridades dos governos FHC, Lula, Dilma e até desse governo de transição são as mesmas. Não houve mudança significativa. Ou seja, América do Sul, Mercosul, multilateralismo e relações sul-sul continuaram como prioridades. Em razão da visão de mundo durante os 12 anos de PT no governo, o que mudou foram as ênfases. Então, essa perspectiva que EUA estavam em decadência, que a globalização não era boa para o Brasil e todos esses aspectos de visão de mundo trazidos pelo PT foram revistos pelo ministro interino José Serra, pois essas ênfases não deram resultado”, analisa Rubens Barbosa.
Para Celso Amorim, mudanças de orientação na política externa sobre Brics, Mercosul, EUA, continente africano e outros temas podem colocar o Brasil em um posição menor no cenário internacional.
“Para dar uma resposta direta: José Serra está errado. Não podemos dizer até que ponto ele vai mudar, mas o que ele anunciou de início parece uma grande mudança, como a preferência por acordos bilaterias em relação à OMC (Organização Mundial do Comércio), a flexibilização do Mercosul, o que na prática pode representar o fim do Mercosul como união aduaneira. Ou também uma relação menos intensa com outros países do sul, sobretudo na África. Tudo isso ao meu ver é muito errado e resultaria numa volta à política externa que foi seguida pelo Brasil durante muitos anos, pois éramos um país menor e menos importante no cenário internacional”, analisa Celso Amorim.
Na próxima quarta-feira (08/06), será publicada a segunda parte do Duelos de Opinião entre Celso Amorim e Rubens Barbosa: É possível mudar a política externa sem perder relevância política e mercado na América do Sul?
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Opera Mundi TV
No Duelos de Opinião, Rubens Barbosa e Celso Amorim discutem nova orientação do Itamaraty