O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, completa 90 anos neste sábado (13/08). Festejos para celebrar a data serão realizados em diversos países da América Latina, especialmente em Cuba, onde é prometida “uma festa sem precedentes”.
Na véspera da data, a ANSA Brasil conversou com o religioso Frei Betto, amigo de longa data do ex-líder cubano e autor de “Fidel e a Religião”, reeditado recentemente.
Confira:
ANSA Brasil – Como teve início sua amizade com Fidel?
Frei Betto: Conheci Fidel em Manágua, na noite de 19 de julho de 1980, festa do primeiro aniversário da Revolução Sandinista.
Agência Efe
Fidel em encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba, uma de suas últimas aparições públicas
Lula e eu conversamos com ele das duas da madrugada às seis da manhã na casa de Sergio Ramirez, escritor e então vice-presidente da Nicarágua. Todas as vezes que vou a Havana – e o faço duas ou três vezes ao ano – Fidel me convida à sua casa.
AB – Na sua opinião, qual a importância de Fidel para a história do socialismo e do mundo?
FB: Fidel é o primeiro líder revolucionário que chegou aos 90 anos! Sua importância reside no fato de ter livrado Cuba da ditadura de [Fulgêncio] Batista. Hoje Cuba ocupa um dos primeiros lugares em índices de saúde, educação e segurança alimentar, segundo dados da ONU. E graças à liderança de Fidel, Cuba evitou o efeito dominó da queda do Muro de Berlim e se destaca entre as nações caribenhas e latino-americanas com bom índice de IDH. E, sem dúvida, Cuba se caracteriza por seu internacionalismo solidário, enviando médicos e professores a mais de 100 países, inclusive ao Brasil, onde médicos cubanos atuam no atendimento às regiões mais remotas e às populações mais pobres.
AB – O senhor acredita que ele mudou com a idade? Como?
FB: Diria que ele evoluiu, como na compreensão da importância da liberdade religiosa, conforme consta na entrevista contida no livro “Fidel e a Religião”, que me foi concedida em 1985.
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AB – Quando vocês se falaram pela última vez? Sobre o que conversaram?
FB: Falamos-nos em fevereiro deste ano, quando estive em Cuba pela última vez. Sempre trocamos ideias sobre as conjunturas latino-americana e mundial, bem como dialogamos sobre um tema que tanto interessa a ele quanto a mim: cosmologia e astrofísica.
Wikicommons
Frei Betto diz ter conhecido Fidel em Manágua 1980, durante festa do primeiro aniversário da Revolução Sandinista
AB – Como ele se sente com relação à aproximação de Cuba com os Estados Unidos?
FB: Ele me disse que o reatamento de relações era positivo, porém “temo que Obama esteja mudando de métodos, mas não de objetivos”. E reiterou que as relações só estarão consolidadas quando os EUA suspenderem o bloqueio [comercial] e devolverem a base naval de Guantánamo.
AB – O senhor sabe como ele vai comemorar seu aniversário? Sabe se ele está feliz com a data?
FB: Sei sim que está feliz e muito. Mas não tenho ideia de como ele e a família pretendem comemorar. Estarei lá comemorando com o povo cubano.