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Política e Economia

'Paralimpíada começa em clima de crise política sem precedentes'

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Imprensa alemã destaca crise política no Brasil e dificuldades no financiamento dos Jogos Paralímpicos do Rio

Jean-Philip Struck
Fernando Caulyt

Deutsche Welle Deutsche Welle

2016-09-07T21:48:00.000Z

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A poucas horas da abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, os jornais alemães destacaram nesta quarta-feira (07/09) as dificuldades econômicas enfrentadas pela cidade para financiar a competição e a sensação de que os para-atletas não recebem a atenção que merecem.


Süddeutsche Zeitung: Crise política e financiamento de última hora

"O esporte nunca foi apolítico, mas esta Paralimpíada do Rio começa num clima de crise política sem precedentes", afirma o Süddeutsche Zeitung. "Nas duas semanas entre os dois eventos esportivos [Olimpíada e Paralimpíada] uma mudança de governo teve lugar no anfitrião Brasil, a qual não apenas a presidente deposta, Dilma Rousseff, classifica de 'golpe parlamentar'", diz o jornal.

Agência Efe

 Ciclista eslovaco durante treino para Jogos Paralímpicos, que iniciam nesta quarta-feira no Rio 

"Nas últimas semanas, centenas de milhares foram às ruas para protestar contra a posse pseudolegal de Temer. Voaram pedras, a polícia usou gás lacrimogêneo", prossegue, apontando que a aparição na abertura da Paralimpíada deve ser uma grande oportunidade para Temer.

O jornal destacou também o fato de que muitos recursos para garantir as competições tiveram de ser arranjados no último momento. "Uma frase muito citada de Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional [IPC], diz tudo o que você precisa saber sobre o modelo de financiamento de última hora no Brasil: 'Nunca, na história de 56 anos dos Jogos Paralímpicos, vivenciamos condições tão difíceis como aqui'", cita o jornal.

O veículo também apontou a gravidade da situação usando como um exemplo uma visita que o presidente Michel Temer fez ao Parque Olímpico. "Menos de três semanas se passaram desde que os primeiros Jogos para portadores de deficiência em solo sul-americano estavam seriamente comprometidos. Apenas o fato de o ex-presidente interino Michel Temer aparecer pessoalmente no Parque Olímpico para desmentir rumores ilustra o quão dramática estava a situação. Temer não aparece em nenhum lugar onde ele não precisa realmente estar."

Die Zeit: Desigualdade entre Olimpíada e Paralimpíada

O semanário Die Zeit apontou como a contenção de despesas afetou a organização. "Um centro de eventos inteiro foi fechado, um centro de esportes foi adiado. Festas foram canceladas. Telões foram reduzidos e funcionários, dispensados. Por muito tempo houve não estava claro se o IPC seria capaz de pagar pelas despesas de viagens das delegações."

O jornal também lamentou o fato de as competições envolvendo deficientes não receberem a mesma atenção dos Jogos Olímpicos, sendo vistos ainda como um evento secundário. "Talvez no Brasil a desigualdade entre jogos seja mais aparente do que em qualquer outro lugar. Para as Olimpíadas não faltou o dinheiro. Já para as Paraolimpíadas, ele foi cortado."

O semanário ainda diz que os jogos estão ganhando mais espaço na mídia, mas que uma comparação com os Jogos Olímpicos ainda mostra diferenças gritantes. "Os Jogos Paralímpicos têm sido cada vez maiores (...), mas uma análise mais apurada revela que ainda se trata de um universo à parte. [As emissoras alemãs] ARD e ZDF vão transmitir cerca de 60 horas de cobertura ao vivo e 85 horas de streaming ao vivo. Isso é bastante e bom, mas nem se compara às 280 horas ao vivo dos Jogos Olímpicos e às 1.000 horas de streaming."

Die Welt: Relacionamento amoroso conturbado

O diário Die Welt também chama a atenção para as dificuldades de orçamento enfrentadas pelos organizadores. "Os Jogos Olímpicos e o Rio já não foram como um relacionamento amoroso clássico. Problemas com os alojamentos, o transporte de atletas e o aproveitamento das instalações esportivas [arquibancadas vazias] se prolongaram por todos os dias de competição. Os brasileiros só tinham olhos e simpatia para seus próprios atletas e, à luz dos problemas econômicos do país, também outras preocupações", diz o jornal.

"No final dos Jogos remendados provisoriamente, pouco surpreendeu que os fundos do Comitê Organizador estivessem vazios. O orçamento, que originalmente também deveria ser suficiente para os Jogos Paralímpicos, estava esgotado", prossegue a publicação.

Berliner Zeitung: Jogos Paralímpicos não estão realmente presentes

O Berliner Zeitung fez uma comparação com a atenção que os Jogos Paralímpicos de 2012, em Londres, receberam e o atual momento no Rio de Janeiro. Após descrever cenas do centro da cidade brasileira, o jornal concluiu que "os Jogos Paralímpicos não estão realmente presentes".

"Alguns pôsteres podem ser vistos nas ruas [...] Quatro anos atrás, em Londres, foi diferente. O canal britânico Channel 4 transmitiu comerciais com imagens aceleradas e música contagiante", considera o jornal. "O que ainda está sendo construído no Brasil, tem tradição no Reino Unido."

 

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20 Minutos

Felipe Nunes: 'voto envergonhado' favorece Lula em 2022

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Bolsonaro cresceu entre evangélicos tirando votos da 'terceira via', e não de Lula, explica diretor do instituto de pesquisas Quaest; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-08-18T20:30:00.000Z

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O cientista político Felipe Nunes afirma que o fenômeno do “voto envergonhado” favorece Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. “Os eleitores indecisos na pesquisa espontânea estão indo muito mais para Lula que para Bolsonaro”, avaliou o diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (18/08) com o jornalista Breno Altman. 

Essas pessoas “só não declararam voto na pesquisa espontânea porque estão escondendo a vergonha de ter que defender um candidato que até pouco tempo atrás estava preso e passou por vários escândalos midiáticos", segundo Nunes.

Ele afirma que tal afirmação na diferenças apontadas pela pesquisa Genial/Quaest de 17 de agosto entre a intenção espontânea de voto (na qual Lula tem 33% das preferências contra 27% de Bolsonaro) e o resultado da pergunta estimulada (em que o ex-presidente aparece com 45% e o candidato à reeleição, com 33%). Ou seja, Lula tem 12 pontos a mais na pesquisa estimulada, contra 6 de Bolsonaro. 


Esse e outros dados mostram solidez na posição eleitoral de Lula, mesmo com a recuperação recente de Bolsonaro - o eleitorado evangélico, por exemplo, prefere o candidato à reeleição por 52% contra 28% do ex-presidente, segundo a Quaest. 

Nunes, que também é professor da UFMG, adverte que o crescimento de Bolsonaro entre evangélicos não se deu sobre Lula, mas sobre os candidatos da chamada terceira via, cuja somatória caiu após a desistência de Sérgio Moro, João Doria Jr. e outros. O mesmo ocorre na evolução geral, em que Lula permanece estável e Bolsonaro cresce com o esvaziamento da terceira via. 

A tendência de alta do atual presidente entre o público evangélico (entre os católicos, ele perde de 27% a 52%) se explica, segundo Nunes, pela prioridade dada a esse segmento pela campanha bolsonarista, tal como aconteceu em 2018 em relação aos policiais militares. “Neste ano, ele escolheu os evangélicos, que como os policiais também são hierarquizados, disciplinados e coesos. Participou de 25 marchas para Jesus nos últimos 30 dias, em diferentes cidades do país. É uma ação política muito coordenada”, diz. 

O cientista político aposta num combate indireto a essa desvantagem pela candidatura Lula: “O público evangélico e principalmente as mulheres evangélicas têm uma repulsa muito grande ao armamento, pelo medo de que as armas sejam um sinônimo de violência nas famílias. É o tema que empata o jogo para o público evangélico”. 

Nunes afirma que a capacidade de crescimento de Bolsonaro esbarra em sua rejeição junto a dois segmentos em particular: “Ele tem que virar o jogo entre as mulheres e no Nordeste, o que não parece ser tarefa fácil neste momento”. 

Pelos dados de 17 de agosto, a vantagem de Lula é de 16 pontos percentuais entre o eleitorado feminino (contra 6 entre o masculino) e de 40 pontos no Nordeste. A rejeição pessoal de Bolsonaro é de 55% (chegava a 66% no início do ano). 

Para o diretor da Quaest, a radicalização política não será um fator decisivo para o eleitorado neste ano como foi em 2018. “Quem descobre a correnteza da eleição ganha a eleição. A de 2018 foi a primeira em que não havia um incumbente disputando a eleição. Todo mundo era de oposição ao que o governo Temer representava. Ser antissistema radical significava ser a oposição real”, analisa. "Em 2022, as pessoas não estão querendo radicalizar o sistema, porque perceberam que a radicalização foi ruim.”

Facebook/felipe Nunes
Cientista político Felipe Nunes é o convidado de Breno Altman no 20 MINUTOS desta quinta-feira (18/08)

O voto que está em disputa em 2022, afirma, é de quem já votou tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Para o pesquisador, esta será “a eleição da segunda chance”: “Os dois já foram presidentes, já ganharam, já apresentaram bons e maus resultados. Agora vai ganhar aquele que conseguir receber a segunda chance do eleitor”. 

Se para o atual presidente se reeleger seria suficiente manter os votos que teve em 2018, a tarefa para Lula é mais complexa, mas vem sendo bem-sucedida: “Neste momento, Lula consegue ter os votos que Fernando Haddad teve e crescer em cima do eleitor que votou em Bolsonaro em 2018, o eleitor pobre das grandes cidades do Sudeste”. 

Quanto ao impacto do aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil sobre a disputa eleitoral, Nunes não vê dados conclusivos na mais nova pesquisa. “Havia uma ideia de que as coisas iam melhorar muito em pouco tempo, mas neste momento essa expectativa não virou nem euforia nem frustração. Virou a realização de que tudo isso não passa de jogada eleitoral”, interpreta, citando que 62% afirmam que as medidas adotadas pelo governo objetivam ajudar a reeleição, e não as pessoas. 

“O eleitor está mais crítico e complexo e já entendeu, pelos resultados desta pesquisa, que muito do que está sendo feito não é boa intenção, mas interesse próprio. Isso gera um limite para o crescimento eleitoral de Bolsonaro.”

A valorização da autenticidade do político pelo eleitorado é um fator incômodo para o atual presidente a esse respeito: “Bolsonaro fez a aposta que podia fazer, que era se vestir de Lula, não ligar para teto de gastos, abrir o cofre público e cuidar das pessoas. O problema é que isso está parecendo que é falso, porque veio próximo à eleição. Bolsonaro está deixando de ter o que é seu grande atributo, está abrindo flancos de credibilidade”. 

Felipe Nunes considera que a história eleitoral brasileira não sugere grandes chances de que Lula vença no primeiro turno, mas diz que os números projetam vitória para o candidato do PT: “Olhando só para os dados da pesquisa, Lula é favorito para ganhar, com uma margem de votos maior do que Bolsonaro teve em 2018 sobre Haddad. Nada é impossível, mas é improvável uma não-vitória de Lula”. 

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