O Mercosul vai realizar, em breve, uma reunião para discutir a aplicação da cláusula democrática do bloco contra a Venezuela, anunciou nesta segunda-feira (24/10) o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, após um encontro com seu homólogo argentino, Mauricio Macri.
“Sobre a cláusula democrática, o Mercosul tem que se reunir para discutir o tema. O Uruguai vai estar presente nesta reunião, na qual iremos discutir com a seriedade e responsabilidade que pretendemos levar adiante no exercício de governo”, disse Vázquez, sem informar a data e o local desse encontro.
Macri, por sua vez, ressaltou que ambos estão muito preocupados pela escalada dos problemas na Venezuela. Para ele, o país “não pode ser membro do Mercosul” e deve receber a “condenação de todas as nações americanas e do mundo inteiro” por, segundo ele, não respeitar os direitos humanos.
Em relação à possível aplicação da cláusula, o presidente do Uruguai afirmou que pessoalmente sempre defendeu o “direito soberano de manifestação dos povos” e a “liberdade de dizermos o que pensamos”. Já Macri, por sua vez, deu sinais de que a Argentina votará a favor do uso da medida contra a Venezuela. “Se você lê a declaração do Congresso, fica claro que existem todas as condições dadas para exercer a cláusula democrática”, afirmou.
A Assembleia Nacional da Venezuela, controlado pela maioria opositora, se rebelou neste domingo contra Maduro, que foi acusado de ter rompido a ordem constitucional do país. As críticas se tornaram mais firmes depois do Poder Eleitoral ter decidido suspender o processo para convocar um referendo que pode tirar o presidente do poder.
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Agência Efe
Tabaré Vázquez (esq.) e Mauricio Macri se reuniram nesta segunda-feira em Buenos Aires
O texto aprovado na sessão extraordinária de domingo tem dez pontos, entre eles um que acusa Maduro de golpe de Estado. “Claramente, a declaração feita pelo Congresso da Venezuela foi muito contundente”, avaliou Macri no ato conjunto com Vázquez.
Recentemente, 12 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressaram sua “profunda preocupação” pela suspensão do processo revogatório e pediram a instauração de um “clima de paz” na Venezuela.
“Na declaração da OEA que o Uruguai assinou, está explícito qual é nosso posicionamento. Queremos que haja uma solução pacífica para essa controvérsia”, disse Vázquez, reiterando a necessidade de diálogo entre governo e oposição na Venezuela.
No início de outubro, Macri e o presidente do Brasil, Michel Temer, afirmaram que veem a “necessidade” a Venezuela “cumprir os requisitos” para integrar-se definitivamente ao Mercosul, uma condição que consideraram como indispensável para o país seguir no bloco.
No dia 13 de setembro, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil determinaram que a Venezuela, aceita como membro-pleno do Mercosul em 2012, não poderia exercer a presidência temporária do bloco por ainda não ter ratificado todos os acordos necessários.
Argentina, Brasil e Paraguai decidiram, com a abstenção do Uruguai, o que permitiu consenso, que a Venezuela terá até o dia 1º de dezembro para cumprir os requisitos. Caso contrário, o país será suspenso por tempo indeterminado do Mercosul.
(*) Com Efe