Como já é costume de longa data, a embaixada do Brasil em Berlim ofereceu, nesta terça-feira (14/02), uma recepção aos cineastas e cinéfilos brasileiros presentes na 67ª edição do Festival Internacional de Cinema da capital alemã, conhecido como Berlinale.
A novidade deste ano ficou por conta de uma carta/manifesto do setor, lida pelas cineastas Daniela Thomas, Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança. Leia abaixo a íntegra do manifesto:
“Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Com um ano deste governo, direitos de saúde, educação e trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre risco de acabar. Nos últimos anos, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) tem direcionado suas diretrizes, observando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomento, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles, o cinema autoral, aqui representado.
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Cineastas e cinéfilos brasileiros participaram de evento na Embaixada do Brasil em Berlim nesta terça-feira (14/02)
O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance (EUA), Roterdã (Holanda) e Berlim (Alemanha). Não chegamos a este patamar histórico sem política pública. Tudo o que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço conjunto dos agentes envolvidos, entre a Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros.
Acima de tudo, queremos garantir que toda e qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas públicas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidas com o conjunto do setor e com toda a sociedade. Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos, aqui, a continuidade e o incremento desta política pública.”
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A seguir, o embaixador Mário Vilalva tomou a palavra:
“Como Embaixador do Brasil aqui em Berlim, quero dizer que recebo muito bem a reivindicação desta carta. Acho que a reivindicação é justa, acho que é democrático expor os problemas do setor, e quero dizer que podem contar com meu apoio para esta finalidade. Nós também queremos que o cinema brasileiro seja cada vez mais projetado no mundo. Nós estamos vivendo, aqui, um momento único do cinema brasileiro, com doze filmes participando de um dos maiores festivais do mundo.
É um festival que acolhe cinemas estrangeiros, não é um festival que acolhe apenas filmes do país, como acontece em alguns outros festivais, que acolhem filmes do país e de forma muito lateral acolhem filmes estrangeiros. Aqui não, aqui o festival acolhe filmes do mundo inteiro. Portanto eu quero dizer que a reivindicação de vocês é uma reivindicação absolutamente válida, conta como nosso apoio. Nós queremos cada vez mais recursos para a cultura brasileira e eu tenho certeza de que o governo brasileiro é muito sensível a essa área.
O governo brasileiro tem interesse também em que o Brasil seja cada vez mais projetado no mundo através das suas artes, das diversas formas de arte, não só cinema, mas também na pintura, na música, no teatro, enfim, em todas as expressões brasileiras. Portanto, contem com o nosso apoio. Estaremos, na medida do possível, batalhando para que o cinema brasileiro tenha mais recursos e se Deus quiser no ano que vem vamos ter, em vez de 12, 20 filmes brasileiros aqui. Obrigado pela presença de todos.”