Em agosto deste ano, uma estranha notícia chamou a atenção: uma série de ataques sonoros à embaixada americana em Havana teria deixado ao menos 16 vítimas, que apresentaram sintomas como perda de audição, náuseas e perda de equilíbrio. O Departamento de Estado norte-americano não deu detalhes oficiais sobre a condição médica dos afetados. Mas o governo sugeriu que os diplomatas haviam sido atacados por uma espécie de arma sônica, que não foi descrita.
A consequência do estranho “ataque” foi a retirada de todo o pessoal não essencial da capital cubana, além da suspensão da emissão de vistos para o país. No entanto, o jornal norte-americano The New York Times ouviu especialistas em diversas áreas da ciência que contestaram a possibilidade de um ataque sônico desta natureza.
“Eu diria que é bastante implausível”, afirmou o físico Jürgen Altman, formado na Technische Universität Dortmund, na Alemanha. “Por que entrar lá com paus e armas se você pode ir com algo simples, como um gerador de som?”, ironizou Geoffrey S.F Ling, neurologista na Universidade Johns Hopkins.
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O Departamento de Estado americano não deu detalhes oficiais sobre a condição médica dos afetados. Mas o governo sugeriu que os diplomatas haviam sido atacados por uma espécie de arma sônica, que não foi descrita
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Pesquisas envolvendo armamento sonoro não letal ocorrem há décadas – inclusive feitas pelo Pentágono -, e já foram usadas para dispersar manifestações. No entanto, essas armas são feitas para produzir um som muito alto, algo que teria sido facilmente notado.
Mesmo que outras pesquisas tivessem tido sucesso em desenvolver uma arma ultrassônica, as leis da física tornariam improvável que a arma conseguisse afetar alguém que estivesse a uma longa distância. “Ultrassom não pode viajar uma longa distância”, afirma Jun Qin, engenheiro acústico pela Universidade do Sul de Illinois.
Outra possibilidade é de armas que emitam uma faixa grave, inaudível ao ouvido humano, conhecido como “infrassom” – algo que está mais próximo dos relatos feitos pelos diplomatas que sofreram o ataque. No entanto, experimentos feitos com frequências deste nível apontaram dificuldades para concentrar os comprimentos de onda. Um relatório feito em 2002 pelo Instituto Nacional de Saúde Ambiental apontou que armas deste tipo usadas em humanos haviam causado apenas “um pequeno incômodo”.