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Política e Economia

Chavismo está vivo: uma primeira análise das eleições regionais na Venezuela

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O chavismo se alça com uma importante vitória nas eleições regionais realizadas no último domingo, dia 15 de outubro

Misión Verdad

2017-10-16T15:23:00.000Z

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O contexto

Estas eleições regionais vêm precedidas de um ciclo de violência erguido pelos fatores antichavistas dentro e fora da Venezuela. Após quatro meses de violência, e em que a oposição venezuelana tentou boicotar as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o chavismo consegue levar o conflito para a rota eleitoral. A narrativa de que existe na Venezuela uma “ditadura” ficou deslocada com a participação da Mesa de Unidade Democrática (MUD) nestas eleições.

A Venezuela sofre, ademais, um ciclo de sanções políticas e econômicas auspiciadas pela Casa Branca. Assinalam a ausência de garantias democráticas na Venezuela. Por outro lado, a Organização de Estados Americanos (OEA), claramente tutelada pelos Estados Unidos, se baseia na mesma afirmação e, em diversas oportunidades, patrocinou atos de deslegitimação destas eleições, omitindo, inclusive, a participação de forças opositoras nelas.

No domingo, 15 de outubro, o presidente Nicolás Maduro criticou o silêncio das corporações midiáticas e porta-vozes políticos e governos que deslegitimaram a democracia venezuelana, ao tentar ocultar as eleições e seus resultados. Destacou os perigos de que se siga insistindo declarar a Venezuela como Estado foragido ou antidemocrático. E concluiu que “a Venezuela deu uma demonstração ao mundo de que vivemos em uma democracia plena”.

Em que pesem estas variáveis, a institucionalidade erigida do chavismo consegue organizar este evento eleitoral e submeter os currais da política aos fatores que, de maneira consistente, dentro e fora da Venezuela, tentaram socavar a estabilidade das instituições venezuelanas, empurrando o país ao preâmbulo de uma guerra civil.

Os resultados

A participação eleitoral de 61,14% dos inscritos no registro eleitoral permanente. Para o tipo de eleição, é considerada uma participação alta, superior a de eventos similares em países como Colômbia, Chile, Argentina, México, e as que se realizam em outras latitudes, com as de EUA, França e Alemanha.

O chavismo conseguiu alçar-se com 54% dos votos do total nacional, voltando ao caminho vitorioso em eleições para cargos públicos convencionais.

A MUD, por sua vez, obteve 45% dos votos. Setenta e cinco por cento dos Estados foram ganhado pelo chavismo, 17 governos de um total de 23. A MUD alcançou cinco governos e só um Estado (Bolívar), até agora, está por definir por não mostrar uma tendência irreversível.

No entanto, esta sólida vitória também se narra pelo simbólico: históricos bastiões políticos e eleitorais da oposição como Lara, Miranda e Amazonas, utilizados como catapulta política para se posicionar para as eleições presidenciais, passaram para as mãos do chavismo com uma margem folgada. Se isso se analisa desde sua lógica, de apresentar seus governos como “o modelo” alternativo ao chavismo, então a MUD perdeu três eleições presidências em sequência no dia de ontem. A liderança de Henri Falcón e Henrique Capriles fica diminuída e sem base de poder de onde se apoiar para aspirar a conquistas maiores.

Em termos de voto nacional, sem os resultados em Bolívar, o chavismo se alçou com mais de 5,2 milhões de votos – cifra que aumentará logo que 100% das atas eleitorais sejam transmitidas -, enquanto que a MUD chegou, arredondando, aos 4,5 milhões de votos.

Deste dado estatístico também se desprendem algumas comparações que não devem ser deixadas de lado: a MUD perdeu quase 3 milhões de votos se se compara com sua melhor votação, em que conseguiu mais de 7 milhões. Por sua parte, o chavismo, assediado e bloqueado pelos EUA, por seus satélites na região e alguns países europeus, conseguiu manter e recuperar seu capital político em um momento de grandes dificuldades.

Agência Efe

PSUV venceu em 17 de 23 Estados na Venezuela

A vitória do chavismo se mede não só na quantidade de governos alcançados e na votação obtida, mas também no decréscimo eleitoral de uma MUD que esperava capitalizar o descontentamento econômico patrocinado, vale reforçar, por eles próprios a partir da Assembleia Nacional e mediante as sanções financeiras desenvolvidas em conjunto com os EUA.

Fatores políticos que incidiram nos resultados

À primeira vista, alguns elementos sobressalientes poderiam ser ressaltados a fim de explicar a vitória do chavismo. A seguir, alguns dos mais relevantes:

- Em um marco de adversidade econômica, o chavismo implementou sistemas de proteção em matéria alimentar de alcance massivo. Os Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP) foram chaves em proteger setores amplos, contendo os efeitos da caotização  dos sistemas de abastecimentos e preços como parte da guerra econômica contra a Venezuela. Em agosto, a cobertura deste plano aumentou em 58%, alcançando mais de 9 milhões de famílias atendidas.

- O sistema Carnê da Pátria, uma política do Estado venezuelano para tornar eficiente e focalizar a gestão das Missões (programas sociais), foi efetivo para organizar a população em situação socioeconômica vulnerável. Frente ao marco de adversidade econômica atual, a opção eleitoral da MUD não se traduz em soluções concretas, fator que incidiu diretamente na diminuição de seu apoio eleitoral;

- A organização eleitoral do chavismo e sua proposta de soluções às grandes demandas da população foram elementos que se conjugaram adequadamente. Grande parte do eleitorado assumiu que é o chavismo o setor com capacidade de assumir as grandes tarefas e desafios  na gestão de governos regionais.

- As sanções da administração Trump e as ações abertas de ingerência por parte do governo estadunidense deram pé à coesão de forças chavistas e aumentaram significativamente o apoio para defesa e segurança nacional, independência e soberania como fatores de mobilização e ideias-força do chavismo. Motivado por isso, a empresa Datanálisis, uma das empresas de pesquisa mais influentes do país, afirmou que a popularidade do presidente Nicolás Maduro aumentou 5,8% no final de setembro.

- As ações violentas da MUD, assim como seus frequentes giros no estrangeiro, solicitando sanções e a asfixia econômica contra a Venezuela, foram também elementos-chave na mesma direção. O chavismo articulou uma campanha favorável para conquistar a paz política, rechaçando a agenda de intervenção, polarizando o cenário político entre aqueles que perseguem a destruição da nação e aqueles que buscam soluções para os problemas sem a violência como meio.

- Com exceção dos recursos administrativos ou de gestão para as eleições regionais, o chavismo conseguiu levar o centro do conflito político para as urnas: decidir entre a estabilidade política ou caos, entre ordem ou ingovernabilidade.

- Novas lideranças regionais ascenderam no chavismo para estas eleições. Estes coincidiram com lideranças regionais já consolidadas. A oferta eleitoral do chavismo se mostrou renovada em boa medida, enquanto que, para a oposição, a mescla entre dirigentes de baixo perfil, prefeitos com péssimas gestões e quadros do aparelho partidário não deu os resultados esperados e influiu diretamente nas grandes brechas que se deram em alguns Estados.

- O chavismo como identidade política também é um fator a se resenhar. Tem bastiões sólidos no interior do país. As forças revolucionárias ganham com amplas margens em vários Estados onde a guerra econômica golpeou com mais força, paradoxalmente. Isso só é explicável por altos níveis de consciência nesta comunidade política. O chavismo entende, a partir de uma lógica muito simples, que existe um marco de extorsão econômica propiciado por fatores empresariais e comerciais aliados à MUD e se contrapõe a essas ações de submissão. Em consequência, o chavismo vota para castigar os promotores da guerra.

- A violência dos meses de abri, maio, junho e julho deste ano, com saldos fatais em perdas humanas (147 falecidos) e incontáveis danos à propriedade pública e privada, junto a práticas de terrorismo de rua e violência paramilitarizada, fizeram estragos na sociedade venezuelana, dividindo a oposição entre aqueles que rechaçaram a violência e aqueles que a apoiavam.

- Produziu-se um paradoxo eleitoral: houve opositores que não votaram na MUD por interpretá-la como uma organização violenta. Mas, também, houve importantes setores que, fervorosamente, acreditaram em um derrocamento do chavismo e viram frustradas suas aspirações quando a MUD resolveu participar da contenda eleitoral. Ambos os grupos, especialmente o segundo, foram símbolo de desencanto contra a direção da MUD, a qual consideram traidora, errática e incongruente. A abstenção eleitoral jogou contra a MUD.

- As imagens ainda frescas da violência e do terrorismo que provocaram caos na Venezuela durante quatro meses, deixando um saldo de mais de 100 mortos, produziu uma situação desfavorável em termos de apoio eleitoral à MUD, para além da base opositora. Não haver cristalizado seus planos de derrocar o governo fortaleceu o chavismo como referente de ordem e estabilidade. Fator que, em momentos de estresse, insegurança com o futuro e turbulência como os de hoje, atraem o apoio da população.

- Uma parte do eleitorado não se identificou com as medidas de asfixia econômica generalizada impostas pela administração Trump e que haviam sido solicitadas consistentemente pelos dirigentes da MUD. As ações de ingerência econômica que complicam mais o cotidiano econômico da população não tiveram respaldo majoritário dos eleitores no momento de ir às urnas.

- Ao perder seus bastiões em Lara, Miranda e Amazonas, fica refletido que a MUD não é uma referência de gestão governamental eficaz, que atende as expectativas da população. A percepção sobre a MUD – organização repleta de promessas não cumpridas – foi um referente que melou o apoio de seus seguidores, não só nestes Estados, mas também em muitos outros. Não são uma referência de gestão regional.

- O discurso da MUD, unicamente centralizado em caracterizar o governo de Maduro como uma “ditadura”, foi insuficiente. Esse discurso não mobilizou o apoio, pois se centralizou em mobilizar o rechaço ao chavismo. Em eleições regionais, oferecer soluções a demandas populacionais é chave e esse elemento esteve ausente no discurso da MUD, que foi transversalmente demagogo e pouco coerente com as necessidades imediatas da população.

(*) Publicado originalmente em Mision Verdad

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Coronavírus

Agências dos EUA recomendam suspensão de vacina da Janssen contra covid-19

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Medida ocorre após casos de coagulação sanguínea em pessoas recém-imunizadas; efeito colateral apareceu em 0,0003% das aplicações

Redação

ANSA ANSA

Roma (Itália)
2021-04-13T17:00:00.000Z

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As autoridades sanitárias dos Estados Unidos recomendaram nesta terça-feira (13/04) a suspensão do uso da vacina contra covid-19 da Janssen, subsidiária da multinacional norte-americana Johnson & Johnson, devido a seis casos graves de coagulação sanguínea em pessoas recém-imunizadas.

A recomendação foi feita pela agência sanitária dos EUA (FDA, sigla em inglês), e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que afirmaram tratar-se de uma medida de "precaução".

Os dois órgãos estão analisando seis relatos nos Estados Unidos de um tipo "raro e grave" de coágulo sanguíneo em pessoas vacinadas com a fórmula da Janssen, uma das mais cobiçadas no mundo por ser de dose única. "Até agora, esses eventos adversos parecem ser extremamente raros", diz um comunicado da FDA. Até a última segunda-feira (12/04), 6,8 milhões de pessoas já haviam tomado a vacina da Janssen no país.

De acordo com a agência sanitária norte-americana, a suspensão é importante para "garantir que a comunidade de profissionais da saúde esteja ciente do potencial desses eventos adversos e possa se planejar devido ao tipo único de tratamento exigido por essa forma de coágulo sanguíneo".

Segundo o jornal The New York Times, todos os seis casos investigados pela FDA e pelo CDC ocorreram em mulheres de 18 a 48 anos. Uma delas morreu, e outra está hospitalizada em estado grave.

AFP/Telam
Episódios de coagulação sanguínea grave dizem respeito a 0,0003% do total de imunizados

O caso remete ao imunizante da multinacional anglo-sueca AstraZeneca, que ainda não foi aprovada nos EUA e vem sendo usada com restrições na União Europeia após a agência de medicamentos do bloco, a EMA, ter incluído eventos incomuns de trombose como possíveis efeitos colaterais "muito raros" do imunizante.

Também neste caso, os episódios ocorreram majoritariamente em mulheres de até 60 anos de idade. Segundo a EMA, esses coágulos aparecem sobretudo nas veias do cérebro (trombose cerebral da cavidade venosa), no abdômen (trombose venosa esplâncnica) e nas artérias, juntamente com baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia) e, às vezes, sangramento.

O parecer se baseou em 62 casos de trombose cerebral da cavidade venosa e 24 de trombose venosa esplâncnica reportados até 22 de março, período em que 25 milhões de pessoas já tinham sido vacinadas com a fórmula da AstraZeneca na Europa. Ou seja, os episódios de coagulação sanguínea grave dizem respeito a 0,0003% do total de imunizados.

Devido à raridade desses tipos de trombose, a EMA afirmou que a relação benefício-risco da vacina "permanece positiva" e não recomendou nenhuma restrição de uso, embora alguns países da UE tenham parado de utilizá-la em menores de 60 anos.

Tanto o imunizante da AstraZeneca quanto o da Janssen usam adenovírus inativos contendo sequências genéticas que codificam a proteína spike, utilizada pelo coronavírus Sars-CoV-2 para atacar as células humanas.

Saúde

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