O ex-ditador da Guatemala José Efraín Ríos Montt faleceu neste domingo (01/04) em decorrência de um ataque cardíaco. Considerado um dos mais sanguinários ditadores da América Latina, Montt tinha 91 anos e era acusado de ter promovido um genocídio indígena durante os 17 meses em que esteve no poder (1982-1983).
Em 2013, o ex-ditador foi considerado culpado em um julgamento sem precedentes, tornando-se o primeiro ditador latino-americano a ser condenado pelo crime de genocídio. Montt foi sentenciado a 50 anos de prisão por 15 massacres contra 1.171 indígenas maia-ixiles, no departamento de Quiché, a noroeste da Guatemala.
O ex-ditador ainda havia sido condenado a 30 anos de prisão por outros crimes contra a humanidade. Dez dias após o julgamento, a Corte Constitucional do país anulou a sentença sob o pretexto de falta de observação do devido rito processual, alegando que os juízes não analisaram uma série de apelações.
Montt seria julgado novamente no ano de 2015, mas sua defesa alegou que, devido ao estado mental do réu – o ex-ditador havia sido diagnosticado com demência senil no mesmo ano – o julgamento não seria justo.
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Em 2013, Efran Ríos Montt foi condenado a 50 anos de prisão por 15 massacres contra 1.171 indígenas maia-ixiles, mas julgamento foi anulado dez dias depois
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Guerra civil
Montt chegou ao poder em março de 1982 por meio de um golpe de Estado, e permanceu no posto até agosto de 1983, quando foi derrubado por outro golpe de Estado organizado por seu ministro da Defesa. Durante os 17 meses em que ficou no poder, o ex-ditador reforçou as políticas de “caça aos comunistas” e estreitou ainda mais as relações do país com os EUA, se tornando um dos principais aliados do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan na região.
O período em que Montt governou a Guatemala é considerado um dos piores da Guerra Civil que assolou o país entre os anos 1960 e 1996. Segundo a ONU, estima-se que o conflito tenha deixado mais de 200 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.