“Fui preso e torturado dentro da empresa”. É assim que Lúcio Bellentani, ex-metalúrgico da empresa alemã Volkswagen, resume o dia 29 de junho de 1972. Ele afirma, em entrevista a Opera Mundi, que foi preso e agredido em uma sala no Departamento Pessoal da VW e só tomou conhecimento da acusação depois de um ano detido. Bellentani era membro do Partido Comunista Brasileiro e ativista sindical quando foi preso e torturado.
“Estava na minha bancada de trabalho quando fui surpreendido com um cano de metralhadora nas costas, me pegaram, me algemaram e me conduziram para o departamento pessoal, e lá eu comecei a ser espancado e torturado, dentro da empresa. Depois fui para o DOPS [Departamento de Ordem Política e Social], onde permaneci por 8 ou 9 meses, sem registro, sem coisa nenhuma”, conta.
“Depois de um ano preso, quando foi o julgamento, fui absolvido por falta de provas. Posteriormente, fui condenado em Brasília a dois anos de prisão e acabei cumprindo um ano e oito meses, sob a acusação de ativismo sindical e organização de uma célula do Partido Comunista dentro da empresa ”, diz.
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O antigo funcionário da montadora alemã também fala sobre Franz Paul Stangl, ex-oficial nazista que trabalhou no sistema de repressão da Volks. “Os documentos que levantamos sobre ele dizia que ele era um eletricista de manutenção. Mas a gente tem claro que ele foi um dos organizadores do sistema repressivo e da segurança da fábrica”, diz Bellentani.
“Ele apareceu na fábrica por volta de 1966, depois de ter trabalhado na secretaria de segurança do Rio de Janeiro. Ingressou na Volks e passou a ser o comandante de toda a segurança da fábrica, quer dizer, existia uma ligação muito íntima do Exército brasileiro com as forças nazistas”, conclui.
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Em entrevista a Opera Mundi, o ex-metalúrgico Lúcio Bellentani afirma que foi agredido em uma sala no Departamento Pessoal da Volks