O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou nesta quarta-feira (29/08) que o país poderá abandonar o acordo nuclear firmado em 2015 caso o tratado deixe de atender aos interesses iranianos.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), nome oficial do acordo, “não é um objetivo, é um meio, e naturalmente deixaremos o mesmo se chegarmos à conclusão de que com ele não é possível proteger os interesses nacionais”, afirmou Khamenei durante uma reunião com o presidente do Irã, Hassan Rohani, de acordo com a agência local ISNA.
Segundo ele, após Washington se retirar do pacto em maio deste ano, Teerã não deve ter “muitas esperanças” de que a Europa salve o acordo. Khamenei afirmou que “não há problemas em manter os laços e seguir com as negociações com a Europa”, mas que enxerga com “ceticismo” as promessas europeias.
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Ali Khamenei afirmou que Irã poderá deixar acordo nuclear caso tratado deixe de atender aos interesses do país (Foto: Wikicommons)
“Os europeus devem compreender, conforme as expressões e as ações dos responsáveis do Governo iraniano, que suas decisões terão como consequências as medidas e reações apropriadas por parte da República Islâmica”, disse.
Espada contra iranianos
Rohani aproveitou a reunião para tecer críticas contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitando a possibilidade de um diálogo com Washington. Segundo ele, Trump tem “a espada no alto contra os iranianos. Então, quais negociações podemos manter?”
A relação entre o Irã e os EUA começou a se deteriorar após Trump assumir a presidência, o que se acentuou quando o mandatário norte-americano anunciou, em maio deste ano, que os EUA deixariam o pacto, contrariando os pedidos de permanência feitos pelos demais signatários.
O pacto, assinado pelo chamado Grupo 5+1 (EUA, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha) foi criado no intuito de limitar o programa nuclear iraniano. Em troca, os países aliviaram as sanções impostas a Teerã.
Com a saída dos Estados Unidos, as sanções contra o Irã voltaram a ser aplicadas. Os demais signatários se mantiveram no acordo e afirmam que Teerã cumpre com a sua parte no acordo.
No entanto, duas empresas alemãs, a ferroviária Deutsche Bahn e a Deutsche Telekom, de telecomunicações, anunciaram neste mês o encerramento de seus negócios no Irã, para não serem atingidas pelas sanções econômicas dos Estados Unidos. Por conta das pressões, mais empresas europeias podem deixar o país.