O governo da Guatemala decidiu nesta terça-feira (04/09) negar a entrada do chefe da Comissão da ONU contra Impunidade e Corrupção (Cicig), Iván Velásques, em todo o território nacional.
Por meio de uma carta, divulgada pelo governo, a Direção de Migração guatemalteca ordenou que lideranças locais não permitissem o ingresso do representante da ONU. Velásquez, de nacionalidade colombiana, chegaria ao país no mesmo dia do comunicado, em voo originário dos Estados Unidos.
A autoridade da subdireção de Migração, Raquel María, assinou o texto em que o departamento ordenava o impedimento de entrada “por razões de ordem e segurança pública”. O governo também pediu que companhias aéreas “tomem medidas necessárias para impedir o embarque” do comissário da Cicig em “qualquer destino voo cujo destino seja a República da Guatemala”.
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Comissário da ONU foi impedido de voltar à Guatemala (Wikicommons/Reprodução)
A determinação ocorre menos de uma semana após a decisão do presidente Jimmy Morales de não renovar com a Comissão da ONU, cujo mandato vence em setembro de 2019. No última sexta-feira (31/08), Morales justificou o ato dizendo que o papel do comitê é tendencioso, partidário e que viola as leis locais e internacionais.
Atrito duradouro entre governo e comissão
O veto à entrada do chefe da Cicig às divisas da Guatemala marca um histórico conflituoso entre o governo Morales e a junta anticorrupção. Em vídeo divulgado há um ano (26/08), o presidente declarou sua posição contrária ao representante.
“Como Presidente da República, pelos interesses do povo guatemalteco, pelo fortalecimento do estado de direito e pela institucionalidade, declaro persona non grata o senhor Iván Velásquez Gómez, na qualidade de comissário da Comissão Internacional contra a Impunidade em Guatemala e ordeno que abandone imediatamente o país”, disse, por meio de gravação divulgada na conta da presidência no Twitter.
Na época, o vídeo foi ao ar dois dias após o Ministério Público e a Comissão, representada por Velásquez, apresentarem o pedido de retirada do direito de audiência preliminar do mandatário. Os órgãos pedem que o atual líder guatemalense seja investigado por suposto financiamento eleitoral ilícito na campanha que o elegeu, em 2015, quando era secretário geral de seu partido, a Frente de Convergência Nacional (FCN).