O Ministério das Relações Exteriores da Rússia chamou, nesta quarta-feira (05/09), de “inaceitável” a declaração da premiê britânica, Theresa May, de que dois cidadãos russos, acusados pelo envenenamento do ex-espião Serghei Skripal e de sua filha, Yulia, em março passado, sejam do serviço de inteligência militar de Moscou.
O pronunciamento aconteceu após a Polícia Metropolitana do Reino Unido apontar “evidências suficientes” para acusar formalmente os cidadãos russos. Segundo Moscou, Londres tentou “manipular” as disposições da Convenção Sobre As Armas Químicas.
Os suspeitos, de acordo com procuradores britânicos, são Aleksandr Petrov e Ruslan Boshirov, ambos com cerca de 40 anos e com pseudônimos em vez dos nomes verdadeiros. Além do suposto envenenamento com a substância novichok – agente neurotóxico desenvolvido pela União Soviética –, os homens são alvo de acusação por conspiração para homicídio, tentativa de homicídio, posse e uso de substância química e danos corporais graves.
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Polícia Metropolitana do Reino Unido alegou ter "evidências suficientes" para acusar russos (Flickr/Reprodução)
Serghei Skripal trabalhava para os serviços de inteligência de Rússia e Reino Unido como agente duplo e, após ser descoberto, ganhou cidadania britânica.
O episódio de envenenamento
Skripal e sua filha Yulia foram envenenados em um shopping na cidade de Salisbury, a 140 quilômetros da capital Londres, em 4 de março; os dois foram encontrados desacordados. Os dois, além de um policial também contaminado na ocorrência, conseguiram sobreviver.
O caso se tornou um escândalo internacional e levantou suspeita, sobretudo quando o casal Charlie Rowley e Dawn Sturgess, até então sem relações com o agente e sua filha, também foi contaminados pela substância, a 13 quilômetros do primeiro envenenamento.
A hipótese é de que os dois tenham sido contaminados por resíduos do agente neurotóxico usado para atacar o ex-espião e sua filha. Sturgess faleceu poucos dias depois, enquanto Rowley chegou a receber alta, mas voltou ao hospital por causa de uma meningite.
O caso Skripal elevou a tensão diplomática entre Moscou e Londres e provocou a expulsão de dezenas de diplomatas russos de quase 30 países. O Kremlin nega envolvimento no ataque químico.
(*) Com ANSA e Sputinik