O rompimento diplomático entre Venezuela e Colômbia é o resultado de crescente desgaste na relação entre as nações vizinhas. Há anos o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ameaçava romper com Bogotá, após as frequentes acusações do presidente colombiano, Álvaro Uribe, de que guerrilheiros das Farc e da ELN viviam sob a guarida de Caracas.
Com o corte, anunciado na tarde de ontem (22/7), muitos na Colômbia se surpreenderam. Porém, para analistas ouvidos pelo Opera Mundi, além de esperado, o rompimento evidencia uma tentativa de Uribe de contaminar a relação entre Chávez e o presidente eleito, Juan Manuel Santos, que toma posse dia 7 de agosto.
Socorro Ramírez, cientista política da Universidade Nacional da Colômbia, avalia que as intenções de Uribe ao depositar “minas terrestres” nas relações futuras com a Venezuela flutuam “entre uma tentativa de bloquear o diálogo ao qual Santos se propôs a ter com os governos vizinhos” e o desejo de ao menos “condicioná-lo”. Segundo ela, os primeiros dias de governo de Juan Manuel Santos demonstrarão as intenções do novo presidente com os vizinhos.
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No dia 7 de julho, Santos convidou Chávez para a cerimônia de posse. Uribe, “padrinho” político de Santos, criticou o convite, dizendo que “a diplomacia colombiana não deveria regressar às aparências hipócritas.”
De acordo com Jairo Libreros, especialista em assuntos de segurança da Universidade de Externado da Colômbia, “Uribe cumpriu com o prometido, que era romper qualquer canal de diálogo entre o governo de Chávez e o governo futuro de Juan Manuel Santos”. Uribe já havia criticado a diplomacia de Santos, a qual qualificou de “cosmética e de aparências” além de “dócil e idiota”.
Para Socorro, Uribe busca “torpedear” os esforços de distensão empreendido pelo novo governo. “Ele quer impedir a presença de Chávez em Bogotá e uma eventual normalização das relações.”
Santos faz no momento um giro diplomático por vários países da América Latina e, ontem, diretamente do México, disse após o anúncio da ruptura: “A melhor contribuição que podemos fazer é não nos pronunciarmos”. A declaração foi bem recebida por Chávez que, deixando uma porta aberta, afirmou que “é uma tentativa [de Uribe] para impedir que Santos volte a estabelecer relações com sua respeitosa irmã Venezuela “.
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