O PT divulgou uma nota nesta terça-feira (18/09) em que critica as declarações recentes do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que não descartou uma intervenção militar contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Segundo o texto, o partido rechaça “veementemente” a fala do representante, dizendo que as palavras “evocam um passado recente quando foram instauradas ditaduras militares”. O texto relembra “golpes contra Manuel Zelaya em Honduras, Fernando Lugo no Paraguai e Dilma Rousseff no Brasil”.
Rechaço internacional
Membros da comunidade internacional, em especial da América Latina, rechaçaram as declarações de Almagro.
Entre os que se manifestaram, estão a ALBA-TCP (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio entre os Povos), o presidente da Bolívia, Evo Morales, e até países do chamado “Grupo de Lima”, formado por nações do continente que se posicionam de forma contrária ao governo de Maduro. Foi a primeira vez que o grupo e Almagro divergem publicamente.
O Partido Comunista do Uruguai também se manifestou, expressando rechaço “a esta nova mostra de servilismo e irresponsabilidade de Almagro, transformado há muito em um peão do imperialismo ianque, a serviço das piores coisas”.Almagro foi chanceler uruguaio durante o governo de José Mujica (2010-2015).
A fala também foi criticada por 11 países do chamado “Grupo de Lima”, comitê que inclui o Brasil. As nações rejeitaram a hipótese de uma intervenção militar para derrubar Nicolás Maduro na Venezuela.
“[Os países] Expressam sua preocupação e seu rechaço a qualquer curso de ação ou declaração que implique uma intervenção militar ou o exercício da violência, a ameaça ou o uso da força na Venezuela”, conclui a declaração.
Também assinam a declaração Argentina, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. O Grupo de Lima possui 14 membros, mas Canadá, Colômbia e Guiana não firmaram o texto.
NULL
NULL
Leia nota do PT na íntegra:
O Partido dos Trabalhadores rechaça veementemente as recentes declarações do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Sr. Luis Almagro, que afirmou não descartar uma ação militar para tirar o presidente Nicolás Maduro do poder.
As palavras de Almagro evocam um passado recente na história de muitos países latino-americanos, quando foram instauradas ditaduras militares, iniciando um período obscuro em nossa história. Agora a OEA tenta repetir a posição expressa do governo Trump de ameaça a um país soberano com intervenção militar externa.
Não aceitaremos movimentos ilegítimos e ilegais para a tomada de poder, como aconteceu em décadas passadas e voltou a ocorrer em nossa região com os golpes contra Manuel Zelaya em Honduras, Fernando Lugo no Paraguai e Dilma Rousseff no Brasil.
Devemos respeitar a vontade soberana do povo venezuelano, que elegeu seu governo democraticamente em eleições sérias e transparentes, comprovadas por organismos internacionais reconhecidos e elogiadas pelo ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, e mais recentemente pelo ex-presidente do governo espanhol, José Luís Zapatero.