As principais centrais sindicais da Argentina realizam nesta
terça-feira (25/09) a quarta greve geral contra o presidente Mauricio Macri, no
mesmo dia em que ele discursará na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em
Nova York.
A greve foi convocada contra as medidas de ajuste econômico
impostas pelo presidente após o pedido de empréstimo de US$ 50 bilhões do FMI. Desse
total, US$ 15 bilhões já foram utilizados para conter a corrida cambial de
maio. O resto seria liberado a cada três meses, sempre e quando a Argentina
cumprisse as metas acordadas – e que agora estão sendo revistas.
O movimento, que começou nesta segunda (24/09), mas ganhou
força nesta terça, suspendeu os serviços de metrô na cidade de Buenos Aires
desde as 20h de ontem. Além disso, pararam nesta manhã o transporte público de
passageiros, o de mercadorias, o atendimento ao público em órgãos oficiais,
bancos e aeroportos.
A coleta de lixo também foi suspensa, assim como a recarga
de caixas automáticos e o suprimento de combustíveis. Desde as 6h da manhã desta
terça, há registros de interrupções nos principais acessos a Buenos Aires.
A greve também registra adesões em algumas das principais
cidades do país, como La Plata, Rosario, Mendonza, Neuquén, Jujuy e Tucumán.
Protesto
Horas antes no início da greve geral, milhares
representantes de movimentos sociais, partidos de oposição e da Central de
Trabalhadores da Argentina (CTA) marcharam na segunda até a Praça de Maio, no
centro da capital, Buenos Aires.
“Amanhã (terça-feira) vamos mostrar ao mundo a foto de um
país que diz não. Não ao FMI. Não ao orçamento do FMI. E não às
demissões”, disse o deputado e líder da CTA Hugo Yasky, no ato de encerramento
da manifestação, em frente ao palácio presidencial. Os manifestantes prometeram
ocupar as ruas até convencer o governo a voltar atrás.
O governo depende do Congresso, onde não tem maioria, para
aprovar o orçamento de 2019, que prevê cortes nos gastos públicos – justamente
em ano de eleição presidencial.
Macri disse que é candidato a um segundo mandato e que não
mudará o rumo da política econômica, apesar de estar pagando um alto preço
político. Desde o início do ano, o peso argentino perdeu metade de seu valor; a
inflação prevista para 2018 é de 42%; e o país está em recessão.
O governo argentino atribuiu a crise a fatores que escapam
do seu controle, entre eles, a pior seca em 50 anos e a guerra comercial entre
Estados Unidos e China. Mas, segundo Macri, o pior já passou e a economia deve
voltar a crescer no segundo semestre.
O ministro da Produção, Dante Sica, disse considerar a greve geral “inoportuna”
e afirmou que o governo continuará negociando com a oposição para conseguir um
consenso.
Macri nos EUA
Macri aproveitou a viagem aos Estados Unidos para tentar
garantir aos mercados que conseguirá renegociar o acordo com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), fechado em junho, e que não há risco de o país decretar
moratória da dívida externa, como em 2001.
O ministro da Economia argentino, Nicolas Dujovne, prometeu
zerar o déficit público no próximo ano em troca da antecipação dos desembolsos
previstos para 2020 e 2021. O pedido de renegociação foi feito depois de a
Argentina sofrer uma segunda corrida cambial em agosto, que o governo atribuiu
à desconfiança dos mercados em sua capacidade de honrar seus compromissos em
2019.
(*) Com teleSUR e
Agência Brasil
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