Atualizada às 16:00
Uma investigação preliminar da Procuradoria Geral da Arábia Saudita confirmou a morte do jornalista Jamal Khashoggi, que desapareceu no começo do mês em Istambul, na Turquia, informou a agência de notícias estatal saudita SPA.
Segundo versão divulgada nesta sexta-feira (19/10), Khashoggi teria morrido de forma acidental após um “enfrentamento físico”, uma “briga”, que teria ocorrido dentro do consulado. 18 pessoas de nacionalidade saudita foram presas preventivamente por suposta ligação com o caso.
Por sua vez, o governo da Turquia anunciou neste sábado (20/10) que continuará as investigações e que irá se manifestar sobre o parecer da Arábia Saudita após sua próprias conclusões.
“Estamos fazendo nossa investigação independente. Revelaremos as nossas conclusões. Esta é a vontade do presidente”, disse o porta-voz do partido Justiça e Desenvolvimento, do mandatário turco, Recep Tayyip Erdogan.
Segundo o canal de televisão turco NTV, o rei saudita, Salman bin Abdulaziz, falou ao telefone com o presidente da Turquia sobre a continuidade da parceria entre os dois governos nas investigações.
A versão saudita difere dos fatos divulgados por jornais norte-americanos e turcos. Na última quinta-feira (17/10), o jornal turco Yeni Safak afirmou que Khashoggi teria sido torturado e esquartejado ainda vivo por agentes do governo saudita.
O periódico ainda menciona uma gravação que indicaria a presença do próprio cônsul saudita, Mohammed al Otaibi, na sessão de tortura do jornalista.
Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (20/10) que acha a versão saudita “crível” e que a divulgação e as prisões realizadas “são primeiro passo muito importante”.
Durante evento no estado norte-americano do Arizona, o mandatário falou em “sanções” e disse preferir que isso não afetasse os “100 milhões de dólares”, se referindo a uma doação saudita ao governo dos EUA para investimentos em tropas na guerra da Síria.
Segundo o jornal New York Times, a transação levantou suspeitas nos EUA, inclusive de beneficiários do dinheiro.
Um oficial do governo norte-americano encarregado de políticas na Síria disse ao periódico que “o momento [da transferência] não é uma coincidência”.
Na última quinta-feira (18/10), após encontro com o rei saudita em Riad, o secreta´rio de Estado norte-americano, Mike Pompeo, se reuniu com Trump e aconselhou o presidente a “dar mais alguns dias” para que o país realizasse suas investigações.
Entenda o caso
Jamal Khashoggi estava desaparecido há 18 dias, após entrar no consulado de seu país em Istambul para retirar documentos de seu divórcio.
No mesmo dia de seu desaparecimento, horas após o jornalista ter entrado no consulado, um comboio de seis veículos saiu do edifício diplomático e seguiu para a residência do cônsul, segundo informações da imprensa turca com base em imagens de câmeras de segurança.
Khashoggi escrevia para o jornal Washington Post e fazia críticas ao governo saudita.
*Com Agência Brasil
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Jornalista escrevia textos críticos ao governo saudita