O presidente eleito Jair Bolsonaro, PSL, disse ao jornal israelense Israel Hayom nesta quinta-feira (01/11) que mudará a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, agindo “de acordo” com a decisão de Israel – a quem se referiu como “estado soberano”.
“Israel é um Estado soberano. Se os senhores decidirem sua capital, nós agiremos de acordo. Quando me perguntaram durante a campanha se eu faria isso [realocar a embaixada] quando eu era presidente, eu disse que sim, e que são os senhores quem decidem sobre a capital de Israel, não outras pessoas”.
Perguntado sobre a Palestina, Bolsonaro disse que se precisa “ser um Estado para ter direito a uma embaixada”, além de criticar a localização da representação palestina que seria construída, nas palavras do presidente, “muito perto” do Palácio do Planalto. O Brasil passou a reconhecer a Palestina como um país em 2010, ainda no mandato do então presidente Luis Inácio Lula da Silva.
“Quanto à embaixada da Palestina, foi construída muito perto do palácio presidencial. Nenhuma embaixada pode estar tão perto do palácio presidencial, por isso pretendemos mudá-lo. Não há outro jeito, em minha opinião. Fora isso, a Palestina primeiro precisa ser um Estado para ter o direito de uma embaixada”, disse ao jornal.
Votos com Israel
O futuro respaldo do Brasil em relação a decisões de Israel nas Nações Unidas também foi questionado pelo veículo israelense. Segundo o mandatário eleito, o voto a favor do governo israelense é algo com o que o país oriental “pode contar”, apesar de ser “simbólico”.
“Os senhores pode contar com nosso voto na ONU. Eu sei que muitas vezes o voto é quase simbólico, mas ajuda a definir a posição que um país pretende tomar. Tenha certeza de que podem depender do nosso voto na ONU em quase todas as questões relacionadas a Israel”.
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Brasil e Palestina
A mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém sinalizada por Bolsonaro altera a posição adotada pelo Brasil desde 2010. Há oito anos, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) enviou uma carta ao líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, reconhecendo oficialmente o Estado Palestino como nação.
A decisão brasileira se assemelha à da ONU, que, após a Assembleia Geral de 2012, passou a considerar a Palestina um Estado Obervador, com Jerusalém Oriental como sua capital. Os palestinos reivindicam os territórios na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, trechos ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.