O governo do Egito cancelou nesta segunda-feira (05/11) a recepção de uma comitiva da qual faria parte o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, dias após o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmar que mudará a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
O Itamaraty disse à reportagem de Opera Mundi que o adiamento foi definido por “razões de agenda” e que o encontro será remarcado “para data futura, a ser definida de comum acordo entre as partes”. O adiamento em cima da hora não é considerado normal no mundo diplomático.
O ministro chegaria ao Cairo na próxima quarta-feira (07/11), para compromissos entre os dias 08 e 11 e novembro.
Segundo o jornal Folha de S´ão Paulo, os países árabes, que ocupam o segundo lugar entre os compradores de proteína animal brasileira, receberam mal a iniciativa de Bolsonaro. Só em 2017, as exportações somaram US$ 13,5 bilhões, gerando um superávit para o mercado brasileiro de US$ 7,17 bilhões.
Decisão de Bolsonaro
O presidente eleito disse ao jornal israelense Israel Hayom na última quinta-feira (01/11) que mudará a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, agindo “de acordo” com a decisão de Israel – a quem se referiu como “Estado soberano”.
“Israel é um Estado soberano. Se os senhores decidirem sua capital, nós agiremos de acordo. Quando me perguntaram durante a campanha se eu faria isso [realocar a embaixada] quando eu era presidente, eu disse que sim, e que são os senhores quem decidem sobre a capital de Israel, não outras pessoas”.
A mudança sinalizada por Bolsonaro alteraria a posição adotada pelo Brasil desde 2010. Há oito anos, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) enviou uma carta ao líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, reconhecendo oficialmente o Estado Palestino como nação.
A decisão brasileira se assemelha à da ONU, que, após a Assembleia Geral de 2012, passou a considerar a Palestina um Estado Obervador, com Jerusalém Oriental como sua capital. Os palestinos reivindicam os territórios na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, trechos ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
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