A ministra do Trabalho do Reino Unido, Esther McVey, e o ministro do Brexit, Dominc Raab, pediram demissão nesta quinta-feira (15/11) por discordarem do acordo de saída da União Europeia (UE) apresentado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, que foi aprovado pelo governo nesta quarta-feira (14/11).
Além deles, a subsecretária para o Brexit, Suella Braverman e o subsecretário para a Irlanda do Norte, Shailesh Vara, também deixaram seus cargos.
Após a renúncia, Raab disse pelo Twitter que não pode “em boa consciência” apoiar os termos propostos à União Europeia. Em sua carta de demissão, o britânico disse que não pode conciliar o acordo com as “promessas” feitas ao país.
Os membros do gabinete que deixaram seus cargos alegaram que os termos do acordo não honram as promessas feitas para os britânicos sobre a relação futura entre a UE e Londres, além da garantia de direitos civis e das fronteiras.
Os ministros acusam May de “não entregar o Brexit que os britânicos pediram” nas urnas. A primeira-ministra anunciou nesta terça-feira (13/11) que havia chegado a um acordo preliminar com a União Europeia para a saída do país do bloco, que deve se concretizar até 29 de março.
O projeto, que tem 585 páginas, ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento britânico por pelo menos 320 de 650 votos, ainda que não haja data definida para a votação. O Conselho Europeu também fará uma reunião extraordinária no dia 25 de novembro para validar o texto.
Em meio às baixas, May fez um discurso no Parlamento para defender o acordo preliminar. Segundo a mandatária, “votar contra o acordo nos levaria de volta à estaca zero”.
“A escolha é clara: nós podemos escolher deixar sem nenhum acordo, arriscar não ter nenhum Brexit ou escolher nos unir e apoiar o melhor acordo que poderia ser negociado”, disse May.
“Este é um momento muito importante. O acordo é justo e equilibrado, assegura as fronteiras da Irlanda e gera bases para uma ambiciosa relação futura. Mas teremos uma longa estrada pela frente”, afirmou a premiê. Ela também garantiu que haverá Brexit e que nenhum outro plebiscito será convocado.
Today, I have resigned as Brexit Secretary. I cannot in good conscience support the terms proposed for our deal with the EU. Here is my letter to the PM explaining my reasons, and my enduring respect for her. pic.twitter.com/tf5CUZnnUz
— Dominic Raab (@DominicRaab) 15 de novembro de 2018
Início do Brexit
A saída do Reino Unido da União Europeia foi aprovada em plebiscito em junho de 2016. Há meses, May tenta negociar um acordo de como será o “divórcio”, encontrando resistência tanto de Bruxelas quanto de membros do seu próprio governo.
Um de principais pontos de entrave era um princípio chamado “backstop”, que garante que, se não houvesse acordo, a fronteira entre as Irlandas permaneceria inexistente. Neste caso, a Irlanda do Norte continuaria no mercado comum e na união alfandegária e ficaria submetida às regras diferentes do restante do Reino Unido.
No entanto, tanto a Irlanda quanto a Irlanda do Norte querem a manutenção de fronteiras abertas, mas isso pode acabar criando uma região com status especial dentro do Reino Unido e até uma espécie de diferenciação entre o território e o restante do país. Sem um acordo com a UE, o Reino Unido corre o risco de ter de sair do bloco de maneira “traumática”, sem garantia de interesses nem de relações comerciais
(*) Com Ansa
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