A ONG Human Rights Watch pediu à Justiça da Argentina nesta terça-feira (27/11) que use a jurisdição internacional para investigar e punir o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, acusado de ser mandante no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, além de cometer crimes contra a humanidade no Iêmen.
O país latino pode recorrer a uma jurisdição universal para crimes de guerra e de tortura – considerados crimes de lesa a humanidade, e que, portanto, são imprescritíveis -, permitindo que sua Justiça investigue e processe autoridades, independente do local dos supostos crimes.
O pedido foi feito pela diretora da organização para Oriente Médio e norte da África, Sarah Leah Whitson, por conta da presença de bin Salman na cúpula do G20, que acontece na capital Buenos Aires entre os dias 29 e 30 de novembro. A requisição foi enviada ao juiz federal Ramiro González.
“Submetemos esta informação a procuradores argentinos com a esperança de que investigarão a cumplicidade e a responsabilidade de Mohammed bin Salman em possíveis crimes de guerra no Iêmen, além da tortura de civis, inclusive Jamal Khashoggi”, disse a diretora à reportagem da Reuters.
Uma possível punição ao líder saudita não seria a primeira a vir em decorrência da jurisdição universal. Em 1998, o juiz espanhol Baltasar Garzón conseguiu ordenar a prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, que estava em Londres.
Morte de Kashoggi
O príncipe é acusado de violações de direitos humanos pela ONG e por membros da comunidade mundial, sobretudo após a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que escrevia para o norte-americano The Washington Post. Crítico do governo do monarca, o colunista foi morto de forma brutal no consulado saudita em Istambul, na Turquia, no começo de outubro passado.
Após semanas de polêmica, os desdobramentos divergentes sobre o assassinato do jornalista colocam o príncipe herdeiro como um dos principais suspeitos de ser o mentor do crime.
Nações do ocidente também pedem que Riade, sob o comando de bin Salman, encerre sua campanha militar no Iêmen, à medida que a crise humanitária do país se agrava.
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