O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, anunciou neste domingo (02/12) que receberá nesta segunda-feira (03/12) a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, os líderes de todos os partidos representados no Parlamento, e um coletivo dos “coletes amarelos”. A solicitação da abertura de diálogo foi feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, durante reunião de crise no Palácio do Eliseu.
A instauração de um “estado de emergência” não chegou a ser abordada durante o encontro em Paris, segundo fontes próximas ao Eliseu. Essa possibilidade chegou a ser levantada mais cedo pelo próprio porta-voz do governo, Benjamin Griveaux. O presidente francês decidiu permanecer em silêncio e não realizar nenhum pronunciamento oficial após o encontro.
O anúncio dessa vontade de Macron de dialogar com os franceses acontece após um sábado (01/12) caótico em Paris, com depredações, incêndios e violências que se alastraram para vários bairros da capital francesa. Antes da reunião de emergência deste domingo, Macron aproveitou para conferir ao vivo os efeitos da violenta mobilização de ontem dos gilets jaunes, os chamados “coletes amarelos”.
De volta da reunião de cúpula do G20, na Argentina, Macron ele verificou as pichações no Arco do Triunfo, monumento histórico que foi vandalizado pelos manifestantes, e também uma escultura que representa a famosa Marianne, símbolo da República Francesa, que foi destruída.
Durante a reunião de crise, realizada na Saa Verde do Palácio do Eliseu, Macron fez “um levantamento exaustivo dos acontecimentos” para “estabelecer uma avaliação precisa da situação, dos feridos, das degradações e prisões”, com a presença do primeiro-ministro, Édouard Philippe, do ministro do Interior, Christophe Castaner (acompanhado por seu secretário de Estado, Laurent Nuñez) e do ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, de acordo com a presidência.
Os extremos querem a dissolução do Congresso
Marine Le Pen, presidente da Reunião Nacional, partido de extrema-direita, pediu neste domingo na televisão francesa “a dissolução da Assembléia Nacional” e pediu novas eleições legislativas “proporcionais”, para sair da “crise política” provocada pelos “coletes amarelos “.
O líder da esquerda radical da França, Jean-Luc Mélenchon, também pediu novas eleições parlamentares e a dissolução do Congresso, também na esteira da crise provocada pela violenta mobilização social francesa.
Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon, dois adversários políticos, sem sombra de dúvida os mais virulentos em relação a Emmanuel Macron e o governo francês, também estarão entre os convidados para a rodada de conversas.
As autoridades ainda avaliam os prejuízos dos protestos dos coletes amarelos pelo país. Em Paris, dezenas de carros e restaurantes foram incendiados, prédios vandalizados, lojas e supermercados saqueados. Em Paris, foram contabilizados 133 feridos, 263 em toda a França. 412 pessoas foram detidas.
Números atualizados contabilizam um total de 136 mil coletes amarelos nas manifestações de ontem em toda a França. A imprensa francesa chega mesmo a utilizar o termo “guerrilha urbana” para noticiar as manifestações de ontem, em todo o país.
Origem da indignação
Na França, mais de 60% do preço do combustível vem dos impostos. A partir de janeiro de 2019, os franceses vão pagar cerca de 0,65 euros a mais por litro no preço do diesel (cujo litro custa até 1,5 euros, cerca de R$6,4). Trata-se de uma espécie de “imposto verde”, que faz parte de uma série de medidas de transição ecológica na França.
Esse aumento do imposto sobre o diesel e também a gasolina, considerados poluentes, esteve na origem da indignação dos “coletes amarelos”. Hoje essa pauta de protestos foi ampliada, os franceses brigam contra a diminuição do poder de compra, o aumento de impostos de maneira geral e também contra o fim do Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna, o ISF.
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