Em um breve pronunciamento logo depois da reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (16/01), o presidente argentino, Maurício, Macri afirmou que ele e o governo brasileiro não reconhecem o resultado das eleições que elegeram o presidente Nicolás Maduro para seu segundo mandato. Maduro foi eleito com quase 68% dos votos dos 48% de eleitores que compareceram às urnas. Esta foi a primeira visita de um chefe de Estado desde a posse de Jair Bolsonaro.
“Não aceitamos esse escárnio com a democracia, e menos ainda a tentativa de vitimização de quem na verdade é o algoz”, afirmou o presidente argentino. Bolsonaro, por sua vez, afirmou que Brasil e Argentina devem atuar na defesa da liberdade e da democracia na região. Maduro foi reeleito em maio do ano passado em um pleito boicotado pela oposição.
Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o compromisso entre os dois países sobre a situação da Venezuela mostra o alinhamento entre o seu governo e o governo argentino. “Nossa cooperação na questão da Venezuela é o exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo certo: o rumo da democracia, da liberdade e segurança e do desenvolvimento”, disse.
Revisão de tratado de Extradição
Além de criticar as eleições venezuelanas, Macri e Bolsonaro assinaram um “novo tratado de Extradição bilateral, o qual aperfeiçoará o quadro de cooperação jurídica entre nossos dois países”, segundo declaração conjunta publicada no site do Ministério das Relações Exteriores.
Na prática, a revisão prevê que, no caso da prisão de um cidadão no país vizinho, o documento de extradição seja adiantado sem passar pelos canais diplomáticos para depois ser formalizado. A decisão está relacionada ao recente caso envolvendo Césare Battisti.
Grupo de Lima
Líderes e organizações civis de diversos países manifestaram repúdio às declarações do Grupo de Lima sobre não reconhecer o novo mandato do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e deram apoio ao país latino-americano.
O governo do México, apesar de integrar o bloco que foi criado em 2017, foi o único país que se recusou a assinar o posicionamento adotado pelas demais nações do continente americano.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que “vamos respeitar os princípios constitucionais de não intervenção e autodeterminação dos povos em matéria de política exterior”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, elogiou a posição mexicana “por defender o princípio de não intervencionismo e deixar sem apoio os atos de golpismo diplomático encabeçados pelos EUA através do Grupo de Lima”.
Por sua vez, a chancelaria de Cuba se pronunciou indicando o “invariável apoio” ao governo da Venezuela. Segundo o ministro das Relações Exteriores da ilha, Bruno Rodríguez, Cuba rechaça as “ações de ingerência contra essa nação irmã” e ainda celebra “êxitos ao novo mandato do presidente Nicolás Maduro”.
O governo do Uruguai também manifestou repúdio à postura do Grupo de Lima e disse que procura uma resposta baseada no diálogo.
Europa
Em Bruxelas, a Rede Europeia de Solidariedade à Revolução Bolivariana, que conta com mais de 80 organizações de diversos países do continente, também rechaçaram as declarações do Grupo de Lima. “Queremos denunciar diante dos povos do mundo a pretensão da direita internacional, em concordância com opositores venezuelanos e o conhecido Grupo de Lima, de desconhecer a vontade do voto do povo venezuelano expressada nas urnas através de um processo eleitoral democrático e transparente avaliado por organismos internacionais onde 67,84% dos votos elegeram a renovação do mandato constitucional do presidente Nicolás Maduro”, disse a organização em comunicado oficial.
O partido comunista da Espanha também se pronunciou denunciando “ações imperialistas” contra o país latino-americano. “Este é mais um passo na escalada de agressões imperialistas e de intentonas golpistas que sofre o povo da Venezuela, com o objetivo de subverter a legalidade constitucional e provocar situações para intervir militarmente no país, como já declarou Luís Almagro”, diz o comunicado do partido comunista espanhol.
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Afirmação foi feita em pronunciamento do presidente argentino nesta quarta-feira logo depois reunião com Jair Bolsonaro