Em 8 de agosto de 1963, em um dos roubos mais espetaculares da história, 15 assaltantes levam de um trem postal – na Inglaterra – a fabulosa quantia de 2.631.784 libras esterlinas, o equivalente hoje em dia a cerca de 300 milhões de reais.
O assalto ao trem pagador envolveu 15 indivíduos, que escapam num caminhão que havia pertencido ao exército britânico e em dois veículos Land-Rovers roubados nas vésperas.
O crime foi planejado por um longo tempo. Duas conhecidas gangues de Londres, a South West e a South East, juntaram suas forças para pôr a ação em prática. Entre os bandidos, estavam um antiquário, um renomado cabeleireiro londrino, um ex-boxeador dono de uma boate e o dono de uma pequena editora.
Wikicommons
Ficha policial de Ronald Biggs, um dos assaltantes do ataque ao trem pagador
O cérebro foi Bruce Reynolds, um conhecido ladrão e assaltante a mão armada. Inspirado nos filmes de roubos em estradas de ferro do Velho Oeste nos Estados Unidos, Reynolds e outros 14 homens, usando máscaras e capacetes de esquiador tomaram de assalto um trem do Correio Real que se dirigia de Glasgow, Escócia para Londres, Inglaterra.
Os ladrões descobriram que um trem do correio recolhia os depósitos de bancos da Escócia e os levava para a capital inglesa. Eles estudaram a rota e os horários da locomotiva, além de escolher a dedo a data do crime: o dia seguinte a um feriado bancário, quando o trem carregaria os depósitos de dois dias.
Por volta das 3 e meia da manhã, o trem passava por uma região conhecida como Sears Crossing. Lá havia uma sinaleira que, ao acender uma lanterna de cor âmbar, indicava parada obrigatória cerca de um quilômetro adiante nos trilhos. Os ladrões simularam a luz de alerta e tomaram de assalto o trem. O maquinista, ferido e manietado, foi obrigado a levá-los à próxima estação, onde foi descarregado o dinheiro. Os ladrões encheram 120 sacos de lona com notas miúdas usadas, transportaram-nas para o caminhão e para os land-rovers e afastaram-se a toda a velocidade. Os veículos haviam sido roubados na área central de Londres e marcadas com placas idênticas de modo a confundir a polícia.
Em seu esconderijo de Leatherslade Farm em Buckinghamshire, Inglaterra, os ladrões dividiram o saque. Vistos como heróis populares pela audácia do crime e pela fuga empreendida, escapando da perseguição policial, 12 dos 15 assaltantes jamais foram capturados. No total, o bando recebeu uma sentença de mais de 300 anos.
Ronald Biggs
Um deles, um comparsa de pouca importância chamado Ronnie Biggs, escapou da prisão após exatos 15 meses, submetendo-se a uma cirurgia plástica para mudar a aparência. Depois da fuga, viveu na Austrália por três anos. Com medo de ser reconhecido, escapou para o Panamá e voou, em 1970, para o Rio de Janeiro.
“Meu pai já não tinha mais um centavo, pois havia gasto tudo fugindo pelo mundo”, disse Michael Biggs, que também virou celebridade ao integrar, na década de 1980, a banda infantil Turma do Balão Mágico. Mike era filho de Ronald com a dançarina brasileira Raimunda de Castro.
Depois de viver por mais de 30 anos no Brasil, Biggs decidiu se entregar voluntariamente às autoridades britânicas em maio de 2001. Foi levado para a prisão de Belmarsh, de segurança máxima, em Londres, onde cumpre o restante de sua pena de 28 anos.
Flip 2010:
Gilberto Freyre disse, sim, que o Brasil era uma democracia racial
Google não entende os livros, diz historiador Robert Darnton
Análise: a FLIP consagra a cultura do espetáculo
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL