Os deputados da coalizão de esquerda Frente Ampla do Chile entregaram nesta sexta-feira (22/03) uma petição ao governo chileno solicitando que o presidente Jair Bolsonaro seja declarado “persona non grata” no país, por incitar a “violência e a discriminação”.
Além disso, os parlamentares de esquerda pedem a suspensão de “todos os atos oficiais que estão programados durante sua estadia, invocando assim a Convenção de Viena”.
O mandatário brasileiro está no Chile desde quinta-feira (20/03) e participa hoje de uma reunião no Palácio La Moneda com o presidente chileno, Sebastian Piñera, e outros chefes de Estado latino-americanos. Mais tarde, está programado um almoço com os outros presidentes e parlamentares chilenos.
Segundo os membros da Frente Ampla, o presidente do Brasil “atenta contra todos os direitos” e já manifestou “seu ódio contra as mulheres, o mundo LGBT e os povos originários”.
O deputado Pablo Vidal, membro da coalizão, disse que “nenhum representante da Frente Ampla vai participar de um almoço que honra uma pessoa que nos parece um perigo para a democracia. Temos uma defesa irrestrita dos direitos humanos, seja onde for eles não podem ser violados”.
“Demonstrações das ideias de Bolsonaro obviamente tem consequências na sua capacidade de conduzir a política externa. Como você poderia exigir de parentes ou vítimas de violações dos direitos humanos no Chile, que façam uma homenagem a alguém que disse que Augusto Pinochet (1973-1990) não matou pessoas?”, criticou o deputado da Frente Ampla, Giorgio Jackson, através de sua conta no Twitter.
Manifestações
Além do ato dos deputados da coalizão de esquerda, estão previstas manifestações nas ruas de Santiago, capital do Chile, contra Bolsonaro.
Na tarde desta sexta-feira a Juventude Comunista do Chile realiza uma marcha para protestar contra a visita do presidente. A manifestação também conta com a Frente Ampla, organizações feministas, a Confederação de Estudantes do Chile, a Associação das Vítimas de Execuções Políticas, o Coordenador Nacional de Migrantes e outros grupos sociais.
Por sua vez, organizações defensoras dos direitos da população LGBT, como o Movimento de Integração e Liberação Homossexual (MOVILH), realizam uma marcha neste sábado (23/03) em Santiago, acusando Bolsonaro de “humilhar e denegrir as diversidades”.
No domingo será realizado, também na capital chilena, o Concerto pelo Direito de Viver em Paz, em que uma série de artistas se apresentarão em protesto contra a visita de Bolsonaro ao Chile e o intervencionismo na Venezuela, além de rechaçar a tentativa de criação do bloco Prosul, uma iniciativa regional promovida principalmente pelos presidentes Piñera e Duque, da Colômbia, cujo principal objetivo é substituir a atual União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Frente Amplio/Reprodução
Parlamentares de esquerda pedem suspensão de “todos os atos oficiais que estão programados durante sua estadia"