As forças militares que apoiam o Governo de Acordo Nacional, baseado na cidade de Trípoli, entraram em confronto nesta sexta-feira (05/04) com as tropas do Exército Nacional Líbio (ENL) comandado pelo general Khalifa Hafter que marchavam em direção à antiga capital da Líbia.
Segundo a agência Ansa, confrontos já foram registrados em Sog Al-Khmies Emsihel, 40 quilômetros ao sul do centro de Trípoli, e nos arredores do aeroporto internacional da cidade, que está fechado desde 2014 e fica a 25 quilômetros da antiga capital. Ao menos 100 soldados comandados pelo general teriam sido capturados por milícias a oeste da cidade.
Tropas leais a Hafter partiram na noite desta quinta-feira (04/04) em direção a Trípoli. O ENL está sediado em Tobruk, no leste do país, e não reconhece a legitimidade do governo em Trípoli, uma vez que o general e suas tropas reivindicam o comando da Líbia desde a derrubada de Kadafi.
Haftar está em Bengasi, onde se encontrou nesta sexta com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que tenta dissuadir o conflito. Durante a reunião, o general prometeu seguir em frente com a ofensiva até “eliminar o terrorismo”.
“Deixo a Líbia com profunda preocupação e o coração pesado. Espero que ainda seja possível evitar um confronto sanguinário dentro e fora de Trípoli”, disse Guterres. A ONU havia marcado uma conferência internacional de paz para 14 a 16 de abril, em Gadamés, na tríplice fronteira com Tunísia e Argélia.
Apesar de ainda não ter sido cancelado oficialmente, o evento não deve mais acontecer, já que era uma oportunidade de Fayez al Sarraj, chefe do governo em Trípoli, dialogar com Haftar na busca de um acordo para reunificar a Líbia.
País dividido
A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias. Haftar é um dos principais personagens desse período e controla territórios no leste do país, baseando seu “governo” na cidade de Tobruk.
Ex-aliado de Kadafi, ele ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania norte-americana.
O conflito líbio também virou palco de uma disputa por influência entre Itália e França: enquanto Roma é aliada de Sarraj e tem um programa para treinar a Guarda Costeira do país africano para resgates de migrantes no Mediterrâneo, Paris busca legitimar o papel de Haftar na Líbia.
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Confrontos já foram registrados em Sog Al-Khmies Emsihel, 40 quilômetros ao sul do centro de Trípoli