Mandetta defende fim da gratuidade universal do SUS - 28.mai.2019
Luiz Henrique Mandetta ainda criticou o programa Mais Médicos. 'Eu não vi nenhum cubano atendendo no Albert Einstein, na avenida Paulista, porque decerto se fizesse algo com alguém da elite paulista seria um absurdo'
Atualizada em 10.abr.2020
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, transmitido na noite desta segunda-feira (27/05), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que vai “provocar” o Congresso para que seja debatido o fim da gratuidade universal do SUS (Sistema Único de Saúde).
“É justo ou equânime uma pessoa que ganha 100 salários mínimos ter o atendimento 100% gratuito no SUS? Nós vamos quebrar isso em nome da equidade? Quem vai ter 100% de atendimento gratuito no SUS? Nós vamos instituir o parâmetro de equidade social por categorias sociais? Quais faixas serão? Eu acho que essa discussão é extremamente importante para esse Congresso. Eu vou provocá-la, vou mandar a mensagem, sim, para a gente discutir equidade e esse ponto a gente vai por o dedo”, comentou o ministro após quase 1h20 de respostas.
Mandetta também foi questionado sobre o Programa Mais Médicos, criado pelo governo petista para promover o atendimento médico em partes deficientes do país. Para o Ministro o programa, que contava com o recrutamento de médicos cubanos através de um convênio com a OEA, foi “uma grosseria com a Constituição” ao não permitir que os médicos contratados atendessem fora dos postos para os quais foram chamados.
“Eu não vi nenhum cubano atendendo no Albert Einstein, na avenida Paulista, porque decerto se fizesse algo com alguém da elite paulista seria um absurdo, mas para o interior vale, como se houvesse vida do interior e da capital”, afirmou em crítica ao acordo. Para ele, o Mais Médicos tinha problemas estruturais absurdos “em nome de ter este médico é melhor do que não ter nada”.
Mandetta também culpou a ideologia pelo problema do vício em drogas, afirmando que a luta antimanicomial se tornou uma bandeira da esquerda. “Quando o crack chegou, atingindo a população de baixa renda, da classe C, D e E, não havia mais estes leitos”. Os entrevistadores no entanto ressaltaram que o vício em álcool, de acordo com estudos, é mais grave no Brasil do que o de drogas pesadas. Perguntado sobre a defesa da proibição de publicidade de bebidas alcoólicas, Mandetta apenas defendeu uma discussão da medida dentro do Congresso.

José Cruz/Agência Brasil
Luiz Henrique Mandetta ao participar do programa Roda Viva defendeu o fim da gratuidade do SUS e criticou o Mais Médicos.
Assista, a partir de 1:18:00: