O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, no dia 16 de janeiro de 2016, pediu ao então juiz Sergio Moro dinheiro da 13ª Vara Federal de Curitiba para financiar a produção de um vídeo sobre as 10 medidas contra a corrupção que seria veiculado pela Rede Globo. O valor seria de R$ 38 mil. As informações foram divulgadas pelo jornalista Reinaldo Azevedo em parceria com o site Intercept Brasil nesta segunda-feira (15/07).
“Você acha que seria possível a destinação de valores da Vara, daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, para as 10 medidas, que será veiculado na Globo? A produtora está cobrando apenas custos de terceiro, que dariam uns R$ 38 mil”, disse Dallagnol a Moro em mensagens divulgadas por Azevedo em seu blog e no programa “O É da coisa” na rádio Band News.
“Seguem o roteiro e orçamento, caso queira olhar. O roteiro vai sofrer alteração ainda. Avalie de maneira livre e se achar que vai arranhar a imagem da Lava Jato de alguma forma, nem nós queremos”, acrescentou em outra mensagem. No dia seguinte, Moro respondeu: “Se for os 38 mil, acho que é possível. Deixe ver na terça e te respondo”.
Wikicommons
Procurador pediu ao então juiz quantia por volta de 38 mil reais que viria da 13ª Vara Federal de Curitiba
Reuniões
Ainda nas mensagens, o ex-juiz Sergio Moro aparece marcando uma reunião com integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal – ou seja, da parte investigatória e acusatória – para combinar novas fases da Operação.
Em 3 de setembro de 2015, o chefe da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, enviou a Moro a seguinte mensagem de texto no aplicativo Telegram: “caro, quando seria um bom dia e hora para a reunião com a PF? Sobre aquela questão das prioridades. Sua presença daria uma força moral na questão da prioridade e evitaria dizer que o MPF queira impor agenda”.
Moro respondeu, sem mencionar que uma reunião do tipo iria contra a isenção de seu trabalho: “Sem tempo para reuniões nessa e na próxima semana”.
Em 16 de setembro Deltan insiste: “caro juiz, seria possível reunião no final de segunda para tratarmos de novas fases, inclusive capacidade operacional e data, considerando recesso? Incluiria a PF também”, ao que o então juiz respondeu “que seria oportuno. Mas segunda seria um dia difícil. Terça seria ideal. A não ser que fosse segunda pela manhã”.
*Com Rede Brasil Atual e Fórum