O governo iraniano desmentiu nesta sexta-feira (19/07) as informações do presidente Donald Trump, segundo o qual militares norte-americanos teriam destruído um drone iraniano no Estreito de Ormuz. De acordo com Teerã, os Estados Unidos podem ter derrubado um aparelho de sua própria marinha.
“Temo que os Estados Unidos tenham destruído um de seus próprios drones por engano”, afirmou o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, em seu Twitter.
“Alegações delirantes e sem fundamento”, reiterou o porta-voz das Forças Armadas do Irã, Abdolfazl Shékarchi. Segundo ele, todos os drones do Irã que sobrevoam o Golfo Pérsico voltaram para suas bases.
O chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, também recusou as afirmações de Trump. “Não temos informação sobre a perda de um drone iraniano”, disse Zarif ao chegar à sede das Nações Unidas para uma reunião com o secretário-geral, António Guterres.
Na quinta-feira (18/07), o presidente norte-americano anunciou a destruição de um drone iraniano que se aproximou de um navio dos EUA. Segundo o Pentágono, a tripulação da embarcação tomou “medidas defensivas” contra um aparelho que se encontrava a uma distância “ameaçadora”.
“Esta é a última de muitas ações provocadoras e hostis do Irã contra navios que operam em águas internacionais”, declarou Trump. “Os Estados Unidos se reservam o direito de defender as instalações norte-americanas e seus interesses, e exorta todas as nações a condenarem o Irã”, reiterou.
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Navio norte-americano USS Boxer, que destruiu drone
Escalada de tensão
A tensão entre os dois países voltou a crescer desde que Washington se retirou, no ano passado, do acordo nuclear assinado pelas grandes potências em 2015 e voltou a aplicar sanções à República Islâmica. Em resposta, o Irã passou a ignorar certas cláusulas do tratado, incluindo sobre o limite de urânio enriquecido.
A troca de ameaças foi levada para a região do Golfo Pérsico. Washington reforçou sua presença militar na região, acusando o Irã de estar por trás dos atos de sabotagem contra quatro navios na região do Estreito de Ormuz, em maio, e de dois ataques, em meados de junho, a dois petroleiros – um japonês e um norueguês – no Golfo de Omã. Teerã nega qualquer envolvimento nos ataques.
O mais recente episódio sobre a escalada de tensão entre as duas nações data de quinta-feira, quando a Guarda Revolucionária do Irã anunciou que havia detido “um cargueiro estrangeiro”, que seria suspeito de estar fazendo “contrabando” de combustível no Golfo. O navio-tanque foi interceptado em 14 de julho “ao sul da ilha iraniana de Larak”, no Estreito de Ormuz.
Enquanto Washington tenta formar uma coalizão internacional para escoltar os navios mercantes no Golfo, o chefe do Comando Central dos Estados Unidos, Kenneth McKenzie, se comprometeu “energicamente” a garantir a segurança do transporte marítimo nesta zona, durante visita à Arábia Saudita.