Diversos intelectuais e personalidades do meio artístico e cultural da Argentina divulgaram nesta terça-feira (13/08) uma nota coletiva na qual repudiam o “terrorismo financeiro” empregado pelo presidente argentino Mauricio Macri e pedem que o mandatário assuma as responsabilidades pela crise econômica ao invés de culpar “os eleitores e a oposição”.
“Exigimos que o governo atue com responsabilidade, que assuma sua responsabilidade na crise ao qual nos conduziu. (…) Exigimos que respeite a vontade popular e não tente castigar com o terrorismo financeiros os eleitores que escolhemos outras opções”, afirma o texto.
O pronunciamento dos mais de 100 assinantes vem após o resultado das eleições primárias argentinas realizadas no último domingo (11/08) das quais a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner saiu vencedora com 47% dos votos. Neste segunda-feira (12/08), os mercados se manifestaram diante da derrota de Macri fazendo o dólar ultrapassar os $60 pesos, registrando um aumento de 33% em relação à semana passada, e a bolsa cair 30%.
Após os indicadores econômicos negativos serem divulgados, o presidente afirmou que não faria mudanças em seu gabinete e culpou os kirchneristas pelas reações negativas do mercado. “Eu não controlo os mercados, os mercados são pessoas que decidem investir. Para que pessoas queiram investir aqui [na Argentina] deveria haver uma autocrítica do kirchnerismo”, afirmou.
Para os intelectuais, quando Macri disse que “o que aconteceu hoje mostra o que pode acontecer [se os kirchneristas vencerem as eleições gerais]” pode ser compreendida como “uma extorsão diante das próximas eleições”.
“Como se a alta do dólar estivesse nos forçando a optar entre Macri e o caos econômico. [Quando ele diz] ‘não é o que o mundo quer’, demonstra que sua gestão não respeita a vontade popular e responde aos desejos e expectativas dos especuladores financeiros e ao FMI”, afirmam os assinantes.
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Centenas de personalidades de várias áreas afirmaram que quando presidente culpa vitória da oposição por crise está atacando a democracia
O texto ainda demonstra preocupação com “este tipo de manifestações, que implicam de fato em um ataque à democracia e ao direito soberano dos povos de eleger seus representantes e o rumo das políticas públicas”.
Economia
Apesar dos esforços do Banco Central, que aumentou a taxa de juros nesta segunda-feira para 74% na tentativa de conter a desvalorização da moeda nacional, o dólar não mostrou sinais de recuperação nesta terça-feira (13/08), e fechou sendo vendido a $58,30 pesos, chegando a $62 ao londo do dia. Por sua vez, o risco país chegou a 1.759 pontos, marcando o valor mais alto em 10 anos.
A derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias da Argentina fez o dólar disparar no país e derrubou nesta segunda a Bolsa de Buenos Aires, que chegou a registrar queda de 30% por volta do meio dia. A “vingança” do mercado pela vitória da chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner se fez sentir também no risco-pais, que ultrapassou os 900 pontos.
O dólar é um dos principais indicadores do nervosismo do mercado com a derrota de Macri. A moeda norte-americana chegou a subir mais de 33% em relação à cotação da sexta-feira passada (09/08), chegando a $60 pesos por dólar.