O bloqueio dos EUA contra Cuba, iniciado na década de 1960, já dura mais de 50 anos e a proibição de comércio com o país foi consolidada por mecanismos legais, como a lei Helms-Burton, aprovada na década de 1990. No último dia 5 de agosto, assim como contra Cuba, o governo de Donald Trump impôs um bloqueio aos ativos de autoridades venezuelanas nos Estados Unidos, marcando mais uma das inúmeras sanções contra o país governado por Nicolás Maduro.
Em entrevista à agência Sputnik, o cientista político cubano Arturo López-Levy, professor da Universidade Holy Names, em Oakland, na Califórnia, classificou a política de sanções norte-americana como criminosa. Segundo López-Levy, a maior semelhança que há entre as políticas contra Cuba e Venezuela é o fato de se tratarem de violações ao Direito Internacional.
“Nenhuma nação tem o direito de ter como objetivo a queda do governo de outro país, nem tem o direito de aplicar unilateralmente sanções sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ou pelo menos de um órgão regional competente”, afirmou.
Em 2015, o então presidente dos EUA, Barack Obama, dirigiu-se ao Congresso de seu país para propor a suspensão do bloqueio contra a ilha. Obama ressaltou a ineficiência dessa política reconhecendo o fracasso da estratégia. No entanto, o bloqueio ao país é fundamentado pela lei Helms-Burton, o que dificultou a política de reaproximação de Obama.
Lucas Estanislau
‘Nenhuma nação tem o direito de ter como objetivo a queda do governo de outro país’, afirmou o cientista político cubano Arturo López-Levy
De acordo com o especialista, embora o aumento das sanções seja uma tentativa de derrubar o governo de Maduro, é a população quem sofre os maiores danos. “Agora só há alguma exceção para os alimentos e remédios, entre os quais se estabeleceram inclusive sistemas de licença, mas o golpe na economia em geral é inegável. Já não se trata só de transações de pessoas alegadamente corruptas associadas ao governo”, afirmou López-Levy.
No caso cubano o professor acredita que a reação a nível nacional não aconteceu conforme o desejado pelos EUA. Enquanto esperava-se uma revolta contra o governo, Fidel Castro se fortaleceu com o apoio popular.
Pelo menos dois membros do Conselho de Segurança da ONU, China e Rússia, são absolutamente contra as sanções impostas à Venezuela. Enquanto que Havana conta com o apoio de quatro membros contra as sanções a seu país.
*Com Sputnik