Milhares de britânicos foram às ruas neste sábado (31/08) para protestar contra a suspensão do Parlamento até outubro, quando o país deve deixar a União Europeia. A decisão de interromper as atividades legislativas foi tomada pelo primeiro-ministro Boris Johnson na última terça-feira (28/08) sob a justificativa de “apresentar um novo programa nacional” para os parlamentares.
Aos gritos de “defenda a democracia” e “parem o golpe”, os manifestantes em Londres se concentraram em frente aos portões de Downing Street, residência oficial do premiê.
Segundo o jornal britânico The Guardian, também foram registradas manifestações em dezenas de cidades pelo país, incluindo Manchester, Birmingham, Bristol e Liverpool.
Na convocatória de um dos protestos, a organização Another Europe is Possible (Outra Europa é Possível) afirma que os britânicos não podem “depender unicamente dos tribunais ou dos procedimentos parlamentares para resolver a situação”.
Reprodução/Another Europe is Possible
Aos gritos de "defenda a democracia" e "parem o golpe", os manifestantes em Londres se concentraram em frente aos portões de Downing Street
Suspensão
O pedido de suspensão do Parlamento foi aceito pela rainha Elizabeth II na última terça-feira. A pedido de Johnson, a Casa ficará fechada até 14 de outubro, apenas duas semanas antes do prazo final da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit, previsto para 31 de outubro. A data inicialmente prevista para a volta do recesso de verão era 3 de setembro.
A notícia provocou reações duras de oposicionistas e governistas. O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, classificou a medida como um “ultraje constitucional”. “É óbvio que o objetivo de [suspender o Parlamento] agora seria impedir [os parlamentares] de debater o Brexit e de cumprir seu dever de moldar um curso para o país”, afirmou.
O líder trabalhista Jeremy Corbyn disse que o plano do premiê é “um ultraje e uma ameaça à nossa democracia”.
Já a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, afirmou, em uma publicação no Twitter, que “parece que Boris Johnson está prestes a fechar o Parlamento e impor um Brexit sem acordo”.