O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, ameaçou nesta segunda-feira (02/09) convocar eleições gerais se o Parlamento britânico aprovar uma emenda que impeça a retirada do país da União Europeia sem um acordo.
Em pronunciamento oficial transmitido pela TV, Johnson afirmou não querer eleições, mas não descartou a possibilidade futura de uma votação geral. Segundo o jornal The Guardian, Downing Street emitiu comunicados que estipulavam até mesmo uma data para a realização do pleito – 14 de outubro.
“Nós não aceitaremos nenhuma tentativa de retroceder em nossas promessas ou cancelar o referendo. Armados e fortificados com essa convicção, eu acredito que conseguiremos um acordo na reunião crucial em outubro, um acordo que o Parlamento possa averiguar, […] e sem uma eleição que nem eu e nem vocês queremos”, disse o premiê.
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Boris Johnson afirmou não querer eleições, mas não descartou a possibilidade futura de uma votação geral
Em seu discurso, Johnson afirmou que uma das razões do atraso das negociações com a UE é o “sentimento de Bruxelas de que os parlamentares poderão encontrar alguma maneira de cancelar o referendo [de 2016]”.
“Se eles cancelarem, eles estarão certamente cortando as pernas da posição do Reino Unido e tornando impossível qualquer negociação futura”, disse.
A proposta que pode impedir o Brexit sem acordo e frustrar os planos do premiê conservador será debatida e votado no Parlamento com máxima urgência – segundo o The Guardian, ainda nesta terça-feira (03/09).
Se for aprovada, a emenda elaborada por um grupo misto de parlamentares, inclusive do partido conservador, obrigará Johnson a estender o prazo para o Brexit até o dia 31 de janeiro, a não ser que o Parlamento aprove um acordo ou a retirada sem acordo nenhum.
Na última terça-feira (28/08), Johnson teve seu pedido de suspender o Parlamento até 14 de outubro acatado pela rainha Elizabeth II.
A decisão gerou uma série de protestos em diversas cidades do país no último final de semana. Aos gritos de “parem o golpe” e “salvem a democracia”, os britânicos encararam a decisão como uma forma do premiê dificultar as atividades dos parlamentares que se opõem ao Brexit sem acordo.