O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concedeu uma entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesta terça-feira (17/09), em que afirma que existe no país “uma oposição pior do que o [presidente brasileiro Jair] Bolsonaro”. A afirmação foi feita após uma pergunta da jornalista Mônica Bergamo sobre a criação da Assembleia Nacional Constituinte.
“Eu creio que devemos buscar as explicações nos próprios erros e nos próprios atos inconstitucionais da oposição. Nós na Venezuela temos uma oposição pior do que o Bolsonaro. À direita do Bolsonaro. Que tem o objetivo de derrubar inconstitucionalmente a revolução”, disse.
“A Assembleia Nacional Constituinte foi uma necessidade. Entre os meses de abril, maio, junho, julho de 2018, se lançou uma ofensiva violenta para derrubar o governo. Eu convoquei a Constituinte com base na Constituição. O poder constituinte na Venezuela está vivo. E a Constituinte trouxe paz ao país.”
Maduro chamou Bolsonaro de “extremista ideológico”, mas confirmou que as Forças Armadas de Brasil e Venezuela mantêm contato. Com o governo, você sabe que Bolsonaro é um extremista ideológico. Recentemente ele declarou sua admiração pelo [ex] ditador [chileno] Augusto Pinochet, que é uma espécie de Hitler sul-americano. (…) Ele, como presidente do Brasil, com uma fronteira tão grande com a Venezuela, e uma história comum, estaria obrigado, se fosse um estadista, a ter uma comunicação mínima com a Venezuela. Voltarão os dias em que haverá um governo no Brasil com quem possamos nos entender.”
Presidencial Ven
Maduro concedeu entrevista à Folha de S.Paulo
O presidente criticou o relatório da alta comissária de Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, que apontou violações de direitos humanos na Venezuela. “Eu tive uma longa conversa com Bachelet em sua visita aqui. E temos uma polêmica dura com ela. Bachelet repetiu o mesmo informe do antigo Alto Comissário [Zeid Al Hussein]. Ela repetiu as mesmas mentiras [Bachelet afirma, entre outras coisas, que há prisões arbitrárias, torturas e degradação econômica no país]. Sem sustentação, sem nenhuma prova. A única coisa que ela pega e coloca no informe são cópias do jornal O Globo, de [jornais de] São Paulo, de New York Times, etc. etc., que dizem mentiras sobre a Venezuela”, afirmou.
Ditadura
Maduro disse que é uma “estupidez histórica” afirmar que a Venezuela é uma ditadura, e criticou o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, que acusou o governo em Caracas de comandar um regime repressivo.
“Quem o diga, onde o diga, é um estúpido. À Venezuela se respeita. A Venezuela é uma democracia sólida. Ameaçada. Assediada. No momento em que a Venezuela sofre seu maior assédio, atacá-la desde a esquerda, a centro-esquerda, é uma covardia contra um povo nobre, que tem sabido resistir e vai seguir resistindo e vencendo com votos. Essa é a nossa vantagem. E, com todos os ataques, com todas as misérias e agressões, não têm podido conosco. Nem vão poder. Nossa força, sempre digo, é de verdade. Nós somos de verdade.”