O resultado das eleições legislativas em Portugal neste domingo (06/10) ganhou destaque na imprensa internacional que destacou a vitória do Partido Socialista (PS), sem maioria, e a queda da direita no país. O jornal Le Monde disse sobre o “triunfo da esquerda” nas eleições, lembrando também os elevados números de abstenção.
“Ao sair destas eleições, Portugal caracteriza-se fundamentalmente como um país de esquerda e moderado”, apontou o jornal francês Libération. O periódico ainda falou do “sucesso” do acordo parlamentar em vigor na passada legislatura e da entrada da extrema direita, que qualificaram como “tímida”.
A BBC fala sobre o PS e possíveis acordos à esquerda: “Costa disse que os eleitores portugueses mostraram que desejam que o seu partido continue seu pacto com dois partidos de extrema-esquerda – o Bloco de Esquerda e os comunistas”.
Lembram também o caso Tancos e o impacto que este teve nas últimas semanas antes das eleições: “a popularidade dos socialistas foi atingida por uma série de escândalos, incluindo acusações de nepotismo e um encobrimento suspeito de roubo de armas numa base militar”.
O The Guardian também faz referência à não maioria absoluta, assinalando contudo que o resultado destas legislativas em Portugal “contraria uma tendência europeia” que rejeita os partidos de centro esquerda.
Na Espanha, o El Mundo fala dos resultados “da direita clássica” que “colapsou” e sobre a eleição de um deputado de extrema-direita. “A extrema-direita conseguiu invadir a Assembleia da República: à noite, foi confirmado que Chega – o chamado “Vox português” – havia conseguido um lugar, pondo fim ao estado de Portugal como o único país do sul da Europa sem uma presença ultra no parlamento”.
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Partido Socialista, do primeiro-ministro António Costa, foi o vencedor das eleições portuguesas
O El País trouxe na manchete as eleições: “Portugal referenda nas urnas a gestão do socialista António Costa”, disse. Já o conservador ABC lembra o número recorde de abstenção e a fragmentação da direita.
O Times falou sobre a sigla ambientalista PAN e colocou o cenário de um possível acordo caso o PS rejeite “as condições impostas pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP de aumentar o salário mínimo para 800 euros”. Fazem também referência ao Tancos como assunto que marcou a campanha eleitoral.
A AFP, agência de notícias francesa, atribui a vitória do PS à retoma econômica após os anos “drásticos de austeridade”.
A Radio France Internationale destaca a “geometria variável” para os próximos quatro anos de governação face à ausência de maioria absoluta de António Costa.
O francês Le Fígaro considera que o futuro da coligação de esquerda que esteve em vigor nos últimos quatro anos é “incerto”.
Já a alemã Deutsche Welle faz referência à eleição de um número recorde de deputados afrodescendentes e do sexo feminino: Beatriz Gomes Dias pelo Bloco de Esquerda, Joacine Katar Moreira pelo Livre e Romualda Fernandes pelo Partido Socialista.
“Na longa noite eleitoral, Beatriz Gomes Dias, luso-guineense nascida no Senegal, também tem razões para comemorar, pela posição reforçada que o seu partido, Bloco de Esquerda – liderado por Catarina Martins –, conseguiu alcançar agora como a terceira força política no Parlamento português”, dizem os alemães.